terça-feira, 17 de maio de 2011

A geração condenada da Grécia

Um ano depois de o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia terem imposto a sua própria agenda infame à Grécia, a vida aqui mudou radicalmente. Para quem tem entre 18 e 24 anos de idade, o mais certo é estar desempregado como 40% da sua geração. Quem tem trinta e poucos anos e um emprego, é provável que seja a tempo parcial e flexível. É possível que não o imagine estável e não faz ideia do tempo que irá durar. Os salários caem gradualmente, não se pode fazer greve, não podemos nos organizar de forma coletiva e nem sequer exigir que nos paguem. As férias estão fora de questão, adoecer é um risco demasiado grande e não é possível ter casa própria.

Os jovens gregos não podem fazer escolhas normais na vida: não podem planejar o presente, quanto mais o futuro. Mas dizem-lhes – e muitos sentem-no - que não podem se queixar. Afinal pertencem a uma geração condenada.


Confira o texto completo na Agência Carta Maior.

2 comentários:

José Elesbán disse...

Mais um trecho:

"A maior parte dos gregos deixou de ver as notícias ou de pensar sobre a razão do que está acontecendo. Mas todo mundo fala entre si sobre o que está se passandop: amigos, filhos e pais, comerciantes, taxistas, professores - todo mundo diz que esta austeridade é desleal e injusta, mas também todos se sentem inseguros e receosos: ao fim e ao cabo não há nada que possam fazer. Esta nova realidade parece ter sido lançada sobre nós - quase como um fenômeno sobrenatural. Dizem-nos que arcamos com as culpas da crise porque "todos nós gastamos para além das nossas possibilidades" - mas os que sofrem mais sabem que não tiveram nada a ver com isto.

Ainda não se passaram 12 meses desde que esta crise começou, mas as pequenas histórias que ilustram a mudança estão sempre aparecendo: sem-teto a vasculhar os caixotes do lixo à procura de comida, amigos demitidos sem indenização ou aceitando cortes salariais, a polícia reprimindo cidadãos em protesto, escolas e hospitais que fecham, professores e médicos que perdem o emprego, jornalistas censurados, sindicalistas perseguidos, ataques racistas no centro da cidade.

Legalidade, maioria, democracia e igualdade começam a parecer palavras sem nexo."

José Elesbán disse...

Pois é. Pelo que parece, gregos precisam passar por necessidades para garantir a liquidez de bancos alemães e franceses que emprestaram dinheiro sem olhar a quem...