Na manhã de 11 de setembro de 1973, o então presidente do Chile Salvador Allende inauguraria na sede da UTE (Universidade Técnica do Estado), em Santiago, uma mostra composta por 18 painéis -- produzidos por nove artistas locais -- que alertavam para o perigo de uma guerra civil e da instalação de um regime fascista no Chile. Como numa profecia autocumprida, a mostra nunca foi inaugurada. Neste mesmo dia, o general Augusto Pinochet liderou um dos mais sangrentos golpes de Estado da América Latina, que terminou com a morte de Allende e de outros milhares de apoiadores do governo da UP (Unidade Popular).
Hoje, 38 anos depois, o Museu da Memória e dos Direitos Humanos está apresentando a emblemática mostra suspensa pelo golpe de Estado de 11 de setembro. Graças a um verdadeiro trabalho de arqueologia artística, foi possível localizar as 18 obras, confeccionadas em painéis de 2 metros de largura por 1 metro de altura. Na remotagem, os trabalhos estão acompanhados por diversas fotos e vídeos, que ajudam a contextualizar o momento político vivido pelo Chile e pela América Latina nos anos 1960 e 1970, quando a região era palco de uma disputa letal pela hegemonia entre os modelos inspirados pelo socialismo e o comunismo e os governos alinhados aos EUA, no auge da Guerra Fria.
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Um comentário:
País interrompido, arte interrompida.
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