Eu acredito que o presidente Chávez, antes de introduzir a proposta de reforma constitucional, já era objeto de ataques muito violentos. Foi praticamente desde que se elegeu pela primeira vez em dezembro de 1998. O argumento da Constituição não é mais do que a continuação dessa política de desqualificação permanente. O fato é que o presidente nunca disse que ia impor a reforma da Carta, mas propor e submeter as reformas à decisão popular. Na Venezuela os meios de comunicação são os meios da oligarquia, quase toda a imprensa escrita, os grandes jornais, pertencem à oposição, as grandes rádios. Ninguém se escandaliza no mundo porque em 2000 o então presidente [francês Jacques] Chirac fez um referendo para mudar a Constituição e permitir que o presidente da República pudesse ser reeleito indefinidamente, pondo fim à limitação a dois mandatos. Ninguém disse que Chirac é um tirano nem que Sarkozy vai se manter no poder de maneira ilegítima.
Na Europa há pelo menos sete países cuja Constituição não limita o número de mandatos do chefe de governo ou de Estado. Na proposta de reforma da Constituição venezuelana não foi suprimida a possibilidade de referendos revogatórios de mandato.
Trecho de entrevista com Ignácio Ramonet, na Folha Online, visto via Periferia do Império. A entrevista completa no saite da Folha Online.
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