Quando publicou a reportagem baseada em um dossiê falso, em 17 de maio de 2006, a revista Veja deu chamada de capa, falando de "suposta conta de Lula no exterior." Diz a Polícia Federal: o dossiê é falso. Daniel Dantas e a fonte da revista Veja, o espião Frank Holder, que trabalhou para a empresa de investigações Kroll, foram indiciados por calúnia. A Kroll processa Holder nos Estados Unidos alegando que, enquanto trabalhava para a empresa, ele fez um "extra" para Dantas.
A acusação de Veja era de que o presidente Lula, os ministros Luiz Gushiken, José Dirceu, Márcio Thomaz Bastos, Antônio Palocci, o senador Romeu Tuma e o então diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, tinham contas no Exterior. Na reportagem, a revista informou que teve três encontros com Frank Holder, depois de ter recebido o dossiê de Dantas em setembro de 2005.
Na ocasião, o próprio repórter Marcio Aith escreveu:
"Por todos os meios legais, VEJA tentou confirmar a veracidade do material. Submetido a uma perícia contratada pela revista, o material apresentou inúmeras inconsistências, mas nenhuma suficientemente forte para eliminar completamente a possibilidade de os papéis conterem dados verídicos."
Ou seja, a revista publicou informação baseada em material confessadamente "inconsistente". Na minha escola de Jornalismo ensinavam que isso seria o suficiente para NÃO publicar, ainda mais quando a acusação era tão grave, envolvendo o presidente da República e alguns de seus mais importantes auxiliares.
Na época, Lula reagiu: "Vamos ser francos agora. Alguns jornalistas há já algum tempo estão merecendo o prêmio Nobel de irresponsabilidade. Eu só posso considerar isso um crime praticado por um jornalista ou por uma revista. Não posso comparar isso a jornalismo. Sinceramente, é de uma leviandade, de uma grosseria. (...) Não posso admitir isso. Não posso. É uma ofensa ao presidente da República, é uma ofensa ao povo brasileiro. Essa prática de jornalismo não leva a lugar nenhum. Acho uma insanidade. A 'Veja' vem assim há algum tempo. Não é de hoje, não, mas acho que ela chegou ao limite da podridão da imprensa. Chegou ao limite. Chegou ao limite. Não sei se o jornalista que escreve uma matéria daquelas tem a dignidade de dizer que é jornalista. Poderia dizer que é bandido, mau caráter, malfeitor, mentiroso. É até constrangedor para um presidente da República saber que tem uma mentira dessa grosseria numa revista que deveria respeitar os seus leitores."
No Vi o Mundo, do Luiz Carlos Azenha.
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