Leio que o Grupo RBS, que arrendou a Usina do Gasômetro, inaugurou uma árvore de Natal que rivaliza em tamanho com a chaminé. A iniciativa é patrocinada pelas Casas Bahia e pela companhia aérea TAM. O Natal está no ar, diz um anúncio da TAM veiculado nos meios de comunicação do Grupo.
Para refazer sua imagem após a tragédia-crime com o vôo jj 3054, em 17 de julho de 2007, a TAM não anunciou reforço nas medidas de segurança, mas despejou dinheiro na imprensa, anunciando novos vôos internacionais e patrocinando toda a sorte de eventos e campanhas, de futebol a árvore de Natal. A imprensa, que deveria cobrar por maior segurança no setor aéreo, voltou a exigir menos filas e maior rapidez nos aeroportos. Tudo ao gosto do anunciante.
No entanto, o caso do Grupo RBS é mais grave. Porque o seu executivo mais influente – Pedro Parente – ocupa uma cadeira no Conselho de Administração da TAM desde abril deste ano.
Ele entrou no lugar antes ocupado por Henri Philippe Reichstul. Na época, uma notícia do O Globo afirmava que a indicação se devia, segundo o então presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, ao “currículo impressionante” e ao “histórico de eficiência” de Parente, que foi ministro no governo FHC, consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, depois, passou a ocupar o cargo de vice-presidente-executivo do Grupo RBS.
No site da TAM, está escrito que Pedro Parente integra o Conselho de Administração da empresa desde abril de 2007, tendo sido indicado pela TEP (TAM Empreendimentos e Participações).
Convocado por Lasier Martins, também estou aqui denunciando este caso, para cobrar transparência na coisa pública. Pois tanto a RBS como a TAM operam concessões públicas, compartilham um importante diretor e estão escancarando uma relação antes feita na esfera dos andares superiores das diretorias corporativas.
Por que motivo Pedro Parente está na TAM e na RBS? Qual é a influência disso na cobertura jornalística sobre a queda do Airbus da TAM pelos veículos do Grupo RBS? O patrocínio à arvore de Natal foi decidido no Conselho de Administração da TAM ou na diretoria do Grupo RBS? É possível acreditar no que a RBS fala sobre a tragédia com o avião da TAM?
Naquele terrível final de tarde de 17 de julho, 199 pessoas morreram vítimas da imperícia, da negligência, da omissão, da irresponsabilidade de agentes públicos e privados. A mídia colocou seus jornalistas para cobrir a tragédia e eles até ganharam prêmio com isso. Em seguida, foi a vez dos anúncios, gordos anúncios que encheram as páginas dos jornais e calaram a boca de quem deveria cobrar, exigir, fiscalizar.
Do Garambombo, via RS Urgente
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