sábado, 7 de março de 2009

A crise de 1929 e a de agora, 80 anos depois

[...] Também insistem em comparar 1929 com 2009, Roosevelt com Obama. Algumas coisas são parecidas, mas o que vale mesmo é a dessemelhança. (“O quão dessemelhante”.) 80 anos depois, juram que as crises são iguais. São parecidas pelo fato de envolverem muito dinheiro, aventureiros financeiros e nenhuma fiscalização. Todo o resto é diferente, inteiramente diferente.
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O que chamam de “crack” da Bolsa de 1929 ficou pairando 4 anos, sem nenhuma intervenção oficial. Roosevelt era governador de Nova Iorque (1928-1932) e só assumiria a Casa Branca em 5 de março de 1933. Aí, sim, tomando as providências enérgicas e necessárias, estatizando tudo, desde energia, a metrô, água, ferrovias, nada parecido com o que se faz agora. Quando “compram” 36 por cento das ações do Citibanque, ações que serão devolvidas não demora muito.
Leia o artigo completo de Hélio Fernandes na Tribuna da imprensa. Ou aqui embaixo, no espaço do primeiro comentário (a Tribuna não disponibiliza linque permanente para seus artigos, antes de os enviar para seu arquivo, alguns dias depois da publicação).

2 comentários:

Jean Scharlau disse...

A crise de 1929 e a de agora, 80 anos depois

Diferenças, semelhanças, dessemelhanças

Além de errarem na avaliação e na duração da crise que começou nos EUA, os economistas cometeram 62 cálculos equivocados, o que garante a todos eles um possível ou suposto Prêmio Nobel da idiotice, combinado com o da imprudência e da incompetência. Só que, apesar de tudo, são ouvidos e seguidos.

Também insistem em comparar 1929 com 2009, Roosevelt com Obama. Algumas coisas são parecidas, mas o que vale mesmo é a dessemelhança. (“O quão dessemelhante”.) 80 anos depois, juram que as crises são iguais. São parecidas pelo fato de envolverem muito dinheiro, aventureiros financeiros e nenhuma fiscalização.

Todo o resto é diferente, inteiramente diferente.

A crise de 1929 teve a agravá-la a incompetência do presidente Herbert Hoover, eleito em 1928 e que só deixaria o Poder no início de 1933. Qualquer que seja o julgamento de Bush, Hoover (nenhum parantesco com o Hoover da CIA) foi muito pior.

O que chamam de “crack” da Bolsa de 1929 ficou pairando 4 anos, sem nenhuma intervenção oficial. Roosevelt era governador de Nova Iorque (1928-1932) e só assumiria a Casa Branca em 5 de março de 1933. Aí, sim, tomando as providências enérgicas e necessárias, estatizando tudo, desde energia, a metrô, água, ferrovias, nada parecido com o que se faz agora. Quando “compram” 36 por cento das ações do Citibanque, ações que serão devolvidas não demora muito.

Em 1929/30 ruim mesmo era a situação financeira. Mas se restringiu ao plano financeiro. (Foi aí que surgiram os “derivativos” e a “alavancagem”, que destruíram tudo. Quando o primeiro resolveu vender suas ações depois de 8 anos de alta ininterrupta, o edifício financeiro desabou.)

Centenas e centenas de aventureiros se mataram, o que, i-n-f-e-l-i-z-m-e-n-t-e, não aconteceu agora. A situação econômica era diferente. Tanto que, no mesmo ano, começaram a construir o Empire State Building, o edifício mais alto do mundo. E a seguir o da Chrisler, em frente ao Hotel Plaza, vizinho do Central Park, área valorizadíssima.

Os acontecimentos no mundo, também eram conflitantes, a palavra era e é essa. Roosevelt assumiu em 1933, mesmo ano em que Hitler era escolhido primeiro-ministro da Alemanha e começava a Segunda Guerra Mundial. (“Protegido” por Daladier, primeiro-ministro da França, e Chamberlain, primeiro-ministro da Grã-Bretanha.)

Em 1936, Roosevelt terminava seu primeiro mandato, morria o presidente da Alemanha, marechal Hindemburg, Hitler assumia o Poder total, que já exercia de fato. E em 1939, Roosevelt acabava o segundo mandato quando Hitler incendiava o mundo, na busca do que chamou de “Reich dos mil anos”, que não passaram de 10 ou 12.

Em 11 de novembro de 1918, em Versalhes, na Floresta de Compienes, a Alemanha assinava a “rendição incondicional”. (O Brasil representado por Epitacio Pessoa, que por isso seria presidente a seguir.) A Alemanha se comprometia a não ter Exército, Marinha e Aeronáutica. Só que 9 anos depois já dominava o mundo com suas poderosas forças armadas. Isso, surpreendente e contraditoriamente ajudou os países a se reerguerem. (Os criminosos de guerra mais perigosos não foram Hitler, Göering, Rommel, Goebels, e sim o doutor Schacht (gênio das finanças) e Albert Speer, o grande arquiteto da reconstrução.

Não compareceram ao Tribunal de Nuremberg, como réus, foram salvos pelos EUA. Passaram a trabalhar para os americanos, que consideravam “crime inominável” tirar a vida de “gênios” como eles.

Tendo assumido com 16 milhões de desempregados (os EUA têm hoje 13 milhões e a UE 18 milhões), Roosevelt diminuiu muito esse total, com a estatização verdadeira. Mas os desempregados desapareciam a partir de 7 de dezembro de 1941, com o ataque traiçoeiro do Japão. Praticamente todos os homens foram convocados, tudo transformado em “indústria de guerra”, sob o comando de John Kenneth Galbaith.

Como se vê, as aparências enganam, principalmente para os que não sabem ver em profundidade. Essa Segunda Guerra Mundial durou 6 anos, sem recessão, sem depressão, sem inflação. E ainda alimentaram o Plano Marshall, que a longo prazo destruiria a União Soviética. Elevaram os gastos militares a números tão avassaladores, que quando atingiram 70 por cento do orçamento soviético ela foi destruída, com a ajuda traidora de Yeltsin e Gorbachov.

PS – Isso é apenas um pedaço pequeno da História. A crise financeira de 1929 não se transformou em econômica. E pôde esperar 4 anos pela posse de Roosevelt.

PS 2 – A crise financeira de agora já traz em si mesma a condição de trauma econômico. Obama não pode esperar 4 anos, tem que tomar providências antes de completar 2 meses de governo. E já é cobrado de todas as formas. É a grande diferença que vai soterrar a esperança.

Anônimo disse...

A crise de 1929 não se transformou em econômica?

O Plano Marshall destruiu a união soviética?

...

...

Poucas vezes vi tantas simplificações juntas... Que bom que o autor reconhece que isso é "apenas um pedaço da história". Um pedaço, fragmentado, descontextualizado, pouco refletido.

A propósito, o nome correto é John Kenneth Galbraith, e não Galbaith.