As falsificações constam de dossiê apócrifo, também voltado aos bastidores de outras disputas empresarias. Lourival Sant'Anna, Antonio Pimenta Neves (ex-diretor de redação do Estadão e assassino confesso da também jornalista Sandra Gomide) e Alberto Komatsu são investigados em inquérito da 10ª Delegacia de Polícia Civil do Rio de Janeiro pela autoria e divulgação do dossiê. Na reportagem que lhe rendeu a condenação, Lourival Sant'Anna chega a reproduzir textos completos do dossiê, alguns com erros grosseiros de grafia e fato.
Em 2000, Lourival era braço direito do então diretor de redação do Estadão Pimenta Neves. Foi guindado a tal posição pelo homicida, de quem era protegido e favorito. Exerceu suas funções de editor chefe durante toda a perseguição que Pimenta empreendeu contra Sandra Gomide. Após o assassinato, com a saída de Pimenta da cúpula do jornal paulista, Lourival Sant'Anna deixou o emprego. Voltou ao Estadão tempos depois, prestando-se a "reportagens especiais", supostamente a mando da direção do jornal.
Em manifestação pública contra a má-qualidade do jornalismo de Lourival Sant'Anna, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2004 já classificara de "irresponsável, imprecisa e falaciosa" reportagem de Sant'Anna sobre a atuação de Organizações Não-Governamentais no Brasil.
A relação de Lourival Sant'Anna com reportagens e dossiês apócrifos já foi comparada à atuação do repórter Jayson Blair, que em maio de 2003 tornou-se notícia mundial ao ser demitido pelo New York Times. O jornal concluiu e divulgou ter ele cometido diversas fraudes ao cobrir eventos jornalísticos. Blair inventava notícias e entrevistados.
Lourival Sant'Anna também é conhecido pela autoria do livro Viagem ao mundo dos taleban, no qual descreve o panorama do conflito étnico e geopolítico no Afeganistão - sem ter passado um dia sequer naquele país. Tempos depois, enviado ao Oriente Médio para cobrir os últimos dias do regime de Saddam Hussein, Sant'Anna passou todo o período de queda do ditador iraquiano instalado confortavelmente num hotel cinco estrelas em Amã, Jordânia, a mais de 500 quilômetros do epicentro do conflito.
A condenação implica detenção de três meses e meio, além de multa em dinheiro para o culpado - O Estado de S. Paulo terá de publicar em suas páginas íntegra da sentença condenatória. O jornal pode recorrer da sentença. A decisão da Justiça paulista chega no momento em que grupos empresarias prejudicados pelas reportagens de Lourival Sant'Anna nas negociações da Varig se preparam para mover pesadas ações reparatórias nos Estados Unidos e Europa contra veículos de comunicação que publicaram matérias fabricadas pelo ex-editor-chefe do Estadão.
Via Leituras e Opiniões.
Um comentário:
Nos preparemos para os uivos da direita hidrófoba clamando contra a condenação: mais um atentado à liberdade de imprensa, que aqui do lado de baixo do Equador é traduzida como liberdade para mentir, caluniar, falsificar e inventar impunemente.
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Não tem a ver com o caso, mas tem a ver com a imprensa. Nos informativos da manhã da rádio Gaúcha e da TV Record, noticiaram que o famigerado Macalão apontou "alguns políticos" como os mandantantes da Fraude dos Selos. Não deram o nome, o que me leva a crer que não são do PT, pois, neste caso, teriam seus nomes trombeteados aos quatro ventos. A Record chegou ao cúmulo de mostrar a entrevista do Macalão, mas sem áudio. Imprensa livre, combativa e seletiva na hora de denunciar é isto aí. Para os amigos tudo, para os inimigos a lei e, também, calúnia e a difamação.
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