A presidente da seção carioca do grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, negou defender censura ao filme "Tropa de elite". Ela declarou que a entidade somente tem intenção de pedir à Justiça que investigue os métodos do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) retratados na produção.
"A Justiça deveria perguntar isso. [A prática de tortura] está efetivamente acontecendo no Bope? Se está acontecendo, alguma coisa tem que ser feita, mas não em relação ao filme", afirmou a presidente do grupo.
Coimbra quis enfatizar que desde o início não havia intenção de o Tortura Nunca Mais pedir censura à produção dirigida por José Padilha e disse que houve um desencontro de informações nas notícias veiculadas. Ela, no entanto, criticou duramente o que classificou de "banalização" da tortura na tela.
"A gente não está avaliando a intenção dos autores ou do diretor. Mas sim os efeitos que esse filme vem produzindo. Efeitos esses extremamente perigosos para o momento que a sociedade brasileira vive", disse, referindo-se à busca de soluções para questões da criminalidade e da segurança pública brasileira.
(...) “O filme não prega, mas fortalece algo que existe no mundo. Ele banaliza a tortura e o extermínio", declarou Coimbra.
O grupo colocará em seu site na noite desta terça-feira (23) um documento com uma análise de "Tropa de elite" e a intenção de levar ao Ministério Público a possibilidade de abrir uma investigação sobre os métodos de operação do Bope e a questão da segurança pública no Rio de Janeiro. O Tortura Nunca Mais vai também dar início à campanha "Contra a banalização da tortura", na qual pedirá apoio à Anistia Internacional para a iniciativa.
Cecília Coimbra disse que não quer "nem comentar" a reação de Rodrigo Pimentel (co-roteirista de "Tropa de elite" e ex-capitão do Bope) quando foi veiculada a informação de que o Tortura Nunca Mais pediria censura ao filme. "Censura e tortura são instrumentos de uma mesma ideologia. Lamento que uma pessoa do nível intelectual da Cecília queira definir o que a massa pode ou não assistir", disse Pimentel ao jornal "O Globo".
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