quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A Turquia e o Genocídio Armênio

Quem hoje em dia fala dos armênios?
Hitler para seus generais, segundo Samantha Power, em “Genocídio

Nesta semana o Congresso dos EUA aprovou resolução condenando o genocídio que o Império Otomano realizou contra sua minoria armênia, durante a I Guerra Mundial. A decisão enfureceu a Turquia, que retirou seu embaixador dos Estados Unidos, queixando-se da intromissão estrangeira num assunto que diz respeito a sua história. A crise diplomática vem em momento particularmente sensível, pois as forças armadas turcas iniciaram ataques ao Iraque, contra os curdos, apesar dos pedidos americanos para que não o fizessem.

A Turquia negocia para entrar na União Européia e um dos temas que mais dificultam seu acesso ao bloco é exatamente o péssimo nível de respeito aos direitos humanos. Isso inclui a recusa do governo turco de lidar com o turbulento passado de perseguição étnica e religiosa aos armênios e cristãos, e também a violência cometida atualmente contra a minoria curda. Como os curdos são um povo sem Estado, espalhados por vários países do Oriente Médio, o problema se torna automaticamente internacional.

Como único membro da OTAN no Oriente Médio, a Turquia tem grande importância para a estratégia de segurança dos Estados Unidos. Bush condenou a resolução congressual afirmando que a questão deveria ser decidida pelos historiadores, não pelos políticos. Bobagem. Há muito o genocídio dos armênios é considerado caso clássico desse tipo de crime e o debate a respeito do tema na Turquia é inteiramente censurado pelo governo. Classificar os massacres dos armênios como genocídio viola o artigo 301 do Código Penal turco, e mesmo um homem de tanto prestígio como o escritor Orhman Pamuk, Nobel de Literatura de 2006, foi processado por falar sobre o tabu.
Texto completo, com duas fotos, em Todos os Fogos o Fogo.

Nenhum comentário: