Estava lendo o texto sem muito interesse. Tropecei na primeira frase, mesmo que, evidentemente, o autor deve ter pensado muito para construí-la: "Parei de me emprenhar pelo pavilhão auricular". Uou... Que medo! Prossegui: "Acabou a fase do me engana que eu gosto. Enchi os tubos de tanto blablablá, e do meu dinheiro, daqui por diante, eles não vão ver nem a cor, nem que a Xuxa me peça pela tevê, fazendo beicinho". O autor, além de estiloso, tem apreço pela loirinha saltitante que iniciou - mesmo que na imaginação - a sexualidade de muito marmanjão brasileiro. No artigo publicado na Zero Hora de 18 de outubro, o texto de metáforas surpreendentes segue em seu estilo estranho e de gosto duvidoso para bradar que seu autor não doará mais nenhum dinheiro para campanhas em prol da infância se o controle da natalidade não for implementado no Brasil. Para afirmar isso, outras frases exuberantificantes - sei, essa palavra não existe, mas o articulista me inspirou... - se enfileiraram no texto. Que tal essa: "(...) e ninguém fala nada sobre baixar a taxa de natalidade, quando qualquer paquiderme ambulante sabe, por exemplo, que o crescimento econômico está diretamente vinculado à redução dos nascimentos, trazendo nas ilhargas a queda da mortalidade infantil e bem menos pessoas infectadas pela Aids". Fui seguindo... devagarito... aí ele cita um colega que muito considera "pelo preparo intelectual e outros quejandos" e que afirma que a Constituição Federal garante que planejamento familiar é de livre decisão do casal, e que, por serem direitos reprodutivos, cabe ao Estado proporcionar recursos educacionais e científicos para a plena realização do direito em questão". Aí, pois então, aí, não mais que aí, leio: "Fiquei pensando: pobrezinho do Estado! Mais apertado que bombacha de veado, e o cara ainda quer impor a ele a provedoria de uma congregação infinita de párias precoces". Surpreso ao ler esta frase, fiquei mais surpreso quando o olho despencou ao pé do texto para saber o crédito do autor: juiz de Direito.
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