domingo, 9 de dezembro de 2007

Chávezwood

Meu amigo Leonardo me chamou a atenção para reportagem na BBC sobre a Villa del Cine, o estúdio de cinema criado por Chávez para produzir filmes sobre a América Latina. A produção de estréia é “Miranda Regresa”, sobre uma das mais extraordinárias personalidades da história do continente: Francisco de Miranda, um dos grandes precursores da independência dos países sul-americanos. Intelectual iluminista, conspirador liberal, mulherengo, aventureiro. Napoleão o comparou a Dom Quixote, a imperatriz Catarina da Rússia o tomou como amante, San Martin, Danton, Alexander Hamilton e Thomas Paine foram seus amigos. Lutou pela Espanha contra os mouros na África e os ingleses no Caribe, foi marechal dos exércitos da Revolução Francesa, voltou à América e serviu como general junto a Bolívar. As fotos que ilustram os posts são do filme.

O que nós, brasileiros, sabemos sobre uma vida tão fantástica?

Nada.

O outro projeto da Viila del Cine também promete: uma biografia de Toussaint L´Ouverture, dirigida pelo ator americano Danny Glover. O astro de máquina mortífera tem compromisso na luta anti-racismo, que se traduziu em filmes sobre o apartheid. Natural que queria filmar a vida de um líderes da revolta negra no Haiti – que já rendeu o belíssimo romance “O Reino Deste Mundo”, do cubano Alejo Carpentier e o poema de Aimé Cesaire. Chávez deu US$18 milhões a Glover para o filme – o dinheiro veio da venda de títulos da dívida externa argentina, que o presidente comprou para ajudar aquele país no momento da renegociação do débito.

E de Bolívar, nada? Claro que sim. Também há o projeto de adaptar o romance de Garcia Márquez sobre os amargos dias finais do Libertador, “O General em seu Labirinto”.

Convenhamos: vocês conhecem outra produtora de cinema que tenha um catálogo tão apetitoso de projetos em andamento? A "Lulawood" da Petrobras e do BNDES andam mais ocupados financiando pastiches das novelas da Globo e o próximo melodrama envolvendo apresentadoras de programas infantis, duendes, golfinhos ou outra experiência destinada a provar a inexistência de cérebros nas platéias brasileiras.


O texto, bem interessante, continua em Todos os Fogos o Fogo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Recomendo o post do Catatau sobre Francisco de Miranda.