quinta-feira, 28 de abril de 2011

O IMPÉRIO AVISA: NÃO TEM REFRESCO

Presidente do Banco Central norte-americano (FED) , Ben Bernanke, em entrevista nesta 4º feira, reiterou aos bons entendedores que a prioridade do império são os interesses imperiais. Os EUA manterão a taxa de juro negativa pelo tempo que for necessário; proverão elevada transfusão de liquidez aos mercados para lubrificar a digestão de dívidas incomensuráveis acumuladas por bancos, rentistas e famílias de classe média, surpreendidos pela crise de 2008 em pleno salto mortal da imprudência contábil pessoal e corporativa. O desafio americano é a dívida, estúpido, parece dizer Bernanke. Obama não vai abandonar a nação quebrada no purgatório falimentar em plena campanha pela reeleição. A dívida decidirá o pleito: republicanos querem empurrá-la goela abaixo do Estado e dos pobres com cortes orçamentários que ressuscitam o espírito da secessão escravocrata. A opção de Obama é a diluição em banho-maria, menos incisiva, mas de purgação longa e perigosa, cujo ônus terá que ser pago por alguém: o mundo. Corporações e midle-class foram à tripa forra nos últimos anos com a aquisição de ativos (casas, ações etc) que agora valem metade ou menos, bem menos em muitos casos, do valor pago originalmente. Dissolver esse imenso Big Mac financeiro sem corroer mortalmente o estômago da economia requer refinanciamento a juros baixos, plausível com oferta superlativa de dinheiro barato. A taxa de juro reafirmada pelo FED nesta 4º feira é de 0,25% para uma inflação em torno de 2%. Juro negativo. O oposto do que ocorre no Brasil, onde a Selic orbita em torno de 12% e a inflação testa o degrau de 6% ao ano: juro real de 6%. A distancia abissal atrai avalanches de capitais especulativos originários do Tio Sam e outras praças globais ao pasto nativo. É isso que nos devora. O resto deriva por gravidade. Não há mecanismo de mercado capaz de equilibrar um organismo econômico que oferece ao rentismo mundial um ponto de fuga desse calibre. Ademais, o que se denomina generosamernte de ' livre mercado' tem em Ben Bernanke um guarda-de-esquina vigilante e aplicado. Se alternativa há ela é política. E passa por uma nova agenda que inclui controle de capitais e redução de juros. Ou seja, o oposto do que apregoa a pátria rentista tropical. A ver.

(Carta Maior; 5º feira, 28/04/2011)

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