Cinco anos depois, o Irã pode agradecer os Estados Unidos por derrotarem inimigos regionais de Teerã e involuntariamente ajudar a transformar a República Islâmica numa potência regional.
Primeiro os militares dos EUA derrubaram, no final de 2001, o regime islâmico afegão do Taliban, que também era inimigo do regime xiita de Teerã. Depois, em 2003, a invasão do Iraque pôs fim ao longo governo de Saddam Hussein, arquiinimigo dos iranianos.
"A remoção desses dois regimes sem que fossem sucedidos por Estados poderosos beneficiou enormemente o Irã e abriu a cotoveladas espaço para o Irã espalhar sua influência", disse Vali Nasr, pesquisador-sênior do Conselho de Relações Exteriores, de Washington.
Mas o Irã não pode descartar totalmente uma ação militar norte-americana para destruir suas instalações nucleares, e a economia do país, muito dependente do petróleo, pode se mostrar vulnerável dentro de alguns anos, embora atualmente vá de vento em popa.
Com o colapso do Exército iraquiano, em 2003, o Irã ficou sem um rival militar regional à altura, o que enfraquece o mundo árabe (ao qual Teerã não pertence) e seus governos, majoritariamente sunitas.
A bonança do preço do petróleo também alimenta a sensação de poderio da República Islâmica, e o presidente Mahmoud Ahmadinejad continua desafiando o Ocidente com seu programa nuclear, apesar das sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
"A cada 24 horas estamos ganhando 270 milhões em moedas fortes, uma quantia mágica", disse o economista iraniano Saeed Leylaz. "O Irã pode transferir os seus petrodólares para comprar lealdades internamente e parcerias estratégicas externamente."
Nos últimos cinco anos, o Irã se tornou um ator político importante no Iraque, nutrindo laços com xiitas e outras facções. O país também ampliou sua influência em outros pontos do mundo árabe, por meio de alianças com a Síria, com o Hezbollah libanês e com o Hamas palestino.
Aliados árabes dos EUA, como Arábia Saudita, Egito e Jordânia, estão alarmados com a ascensão do Irã, mas, depois do caótico resultado do Iraque, temem que uma eventual ação militar norte-americana contra Teerã provoque mais instabilidade.
Psicologicamente, o Irã parece em vantagem. "Não importa quais coisas politicamente corretas digamos, o mundo árabe demonstrou muito medo, receio e ansiedade com o Irã, enquanto para o Irã a recíproca não é a mesma", disse Nasr.
A possibilidade de ataques norte-americanos ao Irã diminuiu sensivelmente quando uma Estimativa Nacional de Inteligência dos EUA, divulgada em dezembro, admitia surpreendentemente que Teerã abandonou a busca por armas nucleares desde 2003 e provavelmente não a retomou desde então.
Reuters
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