"Esquecemo-nos de que a origem do dinheiro é pública, da parcela de imposto de todos os assalariados e não-assalariados do país"
Edinaldo Nelson dos Santos-Silva é pesquisador do Laboratório de Plâncton, CPBA/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Artigo publicado no blog "Democracia e Transparência em C&T" e enviado pelo autor ao "JC e-mail":
No Brasil, praticamos a cultura de que a coisa pública tem duração efêmera, condicionada à crença prática amplamente difundida, em toda a sociedade, tanto nos níveis socioeconômicos ditos mais altos quanto nos mais baixos, de que o público só é público até o momento em que alguém corra e se aproprie dele, tornando-o assim, a partir deste momento, privado, apesar da propriedade de fato e de direito ser pública.
(...)
No entanto, o que acontece na prática? Tanto o sistema oficial federal de Ciência e Tecnologia, representado pelos ministérios da área e suas agências, como os sistemas estaduais, que também vivem e sobrevivem do dinheiro público, como os próprios pesquisadores do alto dos comitês de avaliação das diversas áreas de pesquisa cultuam a crença de que devemos publicar estes resultados de nossas pesquisas, financiadas integralmente com dinheiro público, em revistas de "alto impacto" ou, em sua versão nacional, "Qualis A".
(...)No processo de publicação, assinamos papéis onde abrimos mão do direito de propriedade, que a rigor não era nosso, mas público. Ou seja, transferimos indevidamente a propriedade destas informações de pesquisa para grandes corporações privadas, cujo negócio altamente lucrativo é exatamente vender estas informações, informações estas que, para as produzir, as corporações privadas não colocaram um centavo sequer.
Vejam o texto completo no Jornal da Ciência-SBPC
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