quinta-feira, 4 de março de 2010

Requião e o PMDB

“O que Temer quer ser é presidente mesmo”, brada Requião, entre irônico e indignado, com voz de trovão, empenhado em revelar intenções supostamente escondidas pelo sinistro semblante do presidente do PMDB. A lógica do governador paranaense faz sentido, embora tenha um quê de teoria conspiratória: caso seja eleita, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (“uma gerentona”, segundo ele), teria enormes dificuldades de se relacionar com o Congresso Nacional, o que a tornaria refém do habilidoso Temer, raposa velha do Parlamento, ambiente pelo qual transita, há mais de três décadas, com grande desenvoltura. Assim, do Palácio do Jaburu, aprazível, mas anódina, residência oficial dos vices, Michel Temer conseguiria o que ninguém do PMDB conseguiu, desde o governo José Sarney, ou seja, mandar de fato no Executivo federal.

O "post" completo no blog Brasília, eu vi.

2 comentários:

José Elesbán disse...

Outro trecho:

"O discurso político de Roberto Requião é entrecortado, aqui e ali, por certo ressentimento orgânico, uma crescente desilusão com a história do PMDB e seu papel institucional periférico, embora relevante, nos caminhos dos governos que sempre apóia. No Brasil, como se sabe, é impossível governar sem o apoio do PMDB, dono de uma avassaladora máquina de votos espraiada por centenas de prefeituras municipais, câmaras de vereadores, assembléias legislativas, além da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Um enorme “exército sem general”, como bem define o jornalista Mauro Santayana, uma tropa muitíssimo adestrada no terreno do fisiologismo e do clientelismo, mas carente de um líder verdadeiro desde as mortes de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, ainda no alvorecer da chamada Nova República."

José Elesbán disse...

Mais um trecho:

"Requião ressente-se, ainda, do círculo de fogo aceso pela mídia em volta de si. Nos sete anos à frente do governo do Paraná, ele secou a fonte de financiamento público da imprensa e não colocou um tostão de publicidade na mídia local. Trata-se de uma mudança de rumo considerável, haja vista seu antecessor, Jaime Lerner, do DEM, ter despejado algo em torno de 2 bilhões de reais no setor, nos dois mandatos em que esteve à frente do governo. Em troca, Requião passou a levar pancada diariamente da mídia – paranaense e nacional –, que não lhe dá trégua nem voz, isso quando não opta por silenciar sobre toda e qualquer ação de governo que possa, ainda que indiretamente, render dividendos políticos ao governador. Isso em se tratando de uma gestão que mantém o maior salário mínimo regional do país, isentou de impostos todas as pequenas empresas do estado e mantém uma malha rodoviária totalmente liberta de pedágios. O governador, contudo, não foge dessa briga, pelo contrário, a alimenta, como quando espinafrou cada repórter presente na primeira coletiva que deu como governador reeleito, em 2006. Sem falar na postura política explícita, desavergonhadamente de esquerda, a ponto de classificar – para horror de certos editorialistas da mídia nativa – que o MST é “uma dádiva de Deus”."