Idec: Por que antes da privatização era tão difícil conseguir um telefone fixo? Houve época em que as linhas eram investimento, como um carro, um imóvel...
VF: Era tão difícil e caro porque assim queria o governo federal. Era do interesse do Delfim Netto, que era ministro do Planejamento na época, e de seus seguidores que isso acontecesse. Isso não acontecia porque a Telebrás e suas subsidiárias eram incompetentes e não tinham dinheiro. A Telebrás não tinha a liberdade que a Petrobrás e o Banco do Brasil tinham como estatal e foi isso que provocou seu engessamento. Enquanto os milicos governavam, as telecomunicações, por questões estratégicas militar, eram consideradas prioridade. Com a redemocratização, a Telebrás e suas subsidiárias tinham muitas linhas e recebiam muito dinheiro. Existia, inclusive, o Fundo Nacional de Telecomunicações, cujo objetivo era recolher o dinheiro de cada ligação e de cada assinatura. Tudo o que esse fundo arrecadasse deveria ir para instalações novas, que não foram feitas. Por ordem do Delfim Netto esse fundo era imediatamente roubado para o tal do Fundão, que tinha como objetivo pagar a dívida externa. Ainda assim a Telebrás chegava ao final do ano com 20 bilhões de lucro.
Uma entrevista muito interessante com Virgílio Freire, sobre porque os serviços de telecomunicações são tão ruins no Brasil, no IDEC. Via Conversa Afiada.
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