O suposto "prisioneiro de consciência" não era tal; por isso nunca figurou na lista de "prisioneiros politicos" elaborada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU
Fazendo uma mais festa de sua proverbial falta de escrupulos El País de Madrid informou em sua edição digital de 27 de fevereiro que "A dissidência cubana segue mobilizada pela morte do prisioneiro de consciência Orlando Zapata Tamayo." Afirmação tão veemente quanto falsa cuja intenção não é ooutra que a de levar água para o moinho da permanente campanha de ataques e agressões contra a Revolução Cubana e alimentar os prejuizos de uma grande parte dos leitores desse periódico que nem sempre tem tempo, possibilidade ou interesse em corroborar a veracidade das informações que lhes proporcionam os grandes meios de comunicação.
Felizmente, uma oportuna nota publicada pelo influente intelectual Enrique Ubieta Gómez permite lançar luz sobre este penoso episódio e desmontar a mentira urdida pelo periódico madrilenho. ( http://www.lahaine.org/index.php?p=43596 ). Nela se demonstra que o suposto "prisioneiro de consciência" não era tal; por isso nunca figurou na lista de "prisioneiros politicos" elaborada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU em 2003, substituida por causa de seus serios vicios e sua manifesta arbitrariedade a serviço dos interesses dos Estados Unidos pelo Conselho de Direitos Humanos. Como é possível que um "prisioneiro de consciência" cuja identificação com o projeto político o levou a imolar-se a ponto de não trair seus ideais tenha passado despercebido ante os atentos olhos da Comissão?
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5 comentários:
É uma pena que estejamos nos prestando aqui a fazer o jogo do governo cubano, para denegrir um homem que morreu sob a guarda desse mesmo governo cubano.
Me parece que, de fato, Zapata Tamayo era um dissidente. Mesmo que não fosse, isso não tem importância. Se fosse um prisioneiro comum, o governo cubano não poderia ter deixado ele morrer em seus cárceres.
Embora muito diferentes em seus ideais, o procedimento do governo cubano, e daqueles que o defendem neste episódio se parece um pouco com os dos generais de nossa ditadura.
Quando morria alguém nos cárceres daqui, se dizia que eram "terroristas". Que estavam fazendo "baderna" na prisão.
Em lugar de admitir que errou, que foi uma infelicidade e que tal coisa não se repetirá, o governo cubano prefere denegrir a imagem do falecido prisioneiro. Talvez seja mais fácil e cômodo agir assim.
Prezado Zealfredo,
A história que a mídia alinhada com o império está contando a respeito desse cidadão (o Zapata) não é a mesma que vários outros meios, socialistas, comunistas e até anarquistas, alguns criticos ferozes da "burocracia" cubana apresentam na internet.
Pelas informações que aparecem à margem da mídia convencional ou corporativa, o governo cubano dá assistência médica a todos os cidadãos que fazem esse tipo de protesto (e o Zapata não era o único. Há outro, que a mídia vem apresentando como dissidente que vem fazendo a greve em sua própria residência). Num dos textos que indiquei aqui no blog há informações a respeito do reconhecimento da Anistia Internacional em reconhecer o sujeito como dissidente.
Creio que no primeiro parágrafo de seu segundo comentário você pode ter feito uma insinuação a respeito de alguem que defende o governo cubano neste episódio. Não sei se é dirigida a mim mas aceito a carapuça e a enfio até o dedão do pé apesar de não ser exatamente a defesa do governo cubano o meu objetivo. Como venho contrapondo o discurso da mídia empresarial que a experiência quotidiana tem mostrado que é descaradamente alinhada com os interesses do império, tenho como princípio buscar não apenas os argumentos daqueles que são atacados por ela como a de outros que fazem críticas ideológicas à esquerda. Críticas à direita podemos ver a qualquer hora ligando a televisão ou passando pelas ruas onde bancas de jornais as expõe para o povo que muitas vezes não tem o "privilégio" da internet e muito menos de conseguir ler textos em outras linguas.
Independentemente da ajuda ou não do governo cubano ao Zapata, êle não foi torturado e foi processado conforme as leis de Cuba (processo reconhecido pela AI) e sua greve foi uma opção pessoal.
A mídia alinhada faz o serviço sujo dos ianques ignorando convenientemente as greves de fome, as torturas e os assassinatos na prisão de Guantanamo. Portanto, não me presto a fazer qualquer crítica ao governo cubano a partir de informações vindas de empresas midiáticas serviçais dos imperadores ianques e sua plutocracia hipócrita e genocida. Preocupa-me muito aquelas criticas feitas pelas mídias de esquerda (tais como LA HAINE, KAOSENLARED, RESISTIR, INSURGENTE e REBELIÓN, PATRIA LATINA, REVISTA FÓRUM e CORREIO DA CIDADANIA, por exemplo, porque não se alinham aos interesses do Capital).
Gostaria de conhecer os anarquistas que estão defendendo o governo cubano neste caso.
O problema principal para mim, é que um cidadão cubano morreu dentro de uma penitenciária cubana, regida pelos serviços carcerários do governo de Cuba. Se o governo cubano deixou chegar ao ponto que chegou, é responsabilidade dele, do governo cubano.
Se Zapata fosse um criminoso comum, não faria a menor diferença. Ou há prisioneiros de primeira linha e de segunda linha?
Zapata foi condenado a 3 anos primeiramente, por desacato a autoridade e desordem pública (acusações que aliás as polícias gaúchas gostam de usar para constrager gente por aqui). Depois teve a pena aumentada para mais 25 anos por desordens na prisão! Que coisa, não? Ah sim, dizem que ele foi espancado na prisão. Provavelmente justificadamente porque ele era um criador de caso na prisão, não? E é claro, que aqui no Brasil, semelhantemente, as polícias civis não torturam os acusados de qualquer crime, apenas contém, "dão uma dura", os espancamentos nunca são tortura, no máximo "lesões corporais", isso se algum promotor chegar a pedir investigação de alguma coisa.
Se o governo cubano não queria que a mídia capitalista reclamasse das prisões cubanas, que não deixasse um prisioneiro morrer em suas mãos.
Os anarquistas (LA HAINE) não elogiam o governo cubano. Eles criticam a mídia corporativa e os mercenários que omitem e mentem a serviço da plutocracia ianque e sua liberdade de torturar e assassinar qualquer cidadão em todo mundo.
O caso do tal Zapata é tão asqueroso que até os anarquistas, metralhadoras giratórias contra qualquer tipo de Estado, não suportaram a desfaçatez da mídia alinhada. Eles (os acratas) não são simplórios em fazer o jôgo do Estado mais poderoso do planeta cuja hipocrisia causa asco e engulhos a qualquer um com um mínimo de senso crítico.
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