sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Associação de Juízes diz que Requião debocha da Justiça

Requião "debocha" da Justiça, diz associação

Juízes criticam protesto do governador do PR contra decisão que o proibiu de usar TV Educativa para ataques

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O protesto do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), contra decisão judicial que o proibiu de usar a TV Educativa para atacar adversários e instituições provocou reação da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil).
Em nota, a Ajufe afirma que a atitude de Requião "debocha e desrespeita acintosamente as decisões judiciais". Diz ainda que o peemedebista "maltrata o regime democrático".
Anteontem, para protestar contra o juiz federal que atendeu pedido da Procuradoria e o proibiu de atacar adversários pela TV Educativa do Paraná, Requião cortou sua própria voz no programa "Escola de Governo", reunião semanal transmitida pela emissora para anúncio de obras e projetos. Quando Requião se manifestava, o som era cortado e aparecia uma tarja com a palavra "censurado".
A exibição associava o silêncio de Requião à decisão do juiz Edgard Lippmann Júnior, do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Informava ainda que a fala do governador poderia ser acompanhada na emissora Canal 21, do empresário Luiz Mussi, secretário especial do governo paranaense.
A nota da Ajufe é assinada pelo presidente, Walter Nunes da Silva. "Quando um governador debocha e desrespeita acintosamente as decisões judiciais, dá a todas as pessoas contrariadas pelos juízes a legitimação de agirem de modo similar."
O porta-voz do governo do Paraná, Benedito Pires, disse que Requião estava em viagem e não havia sido localizado
Luiz Mussi disse que vai manter em sua emissora, de sinal aberto, o programa "Escola de Governo", retransmitido no canal desde 2003. "Apoiamos o protesto do governador porque ele é um defensor do interesse público", afirmou Mussi.

Texto da Folha de São Paulo, de 17/01/2008 (para assinantes).

Um comentário: o governador está agindo conforme decisão judicial. Se ele não pode "atacar adversários", o que será que ele poderá falar, sem que seus adversários se sintam "atacados"?

Um comentário:

Paulo Vilmar disse...

Convenhamos, para usar um termo ao gosto dos doutos juízes, o judiciário há muito vem sendo motivo de deboche! Ou os altíssimos salários são o quê? Ou decisões como a do juiz que emitiu um mandado de busca e apreensão de um anel, 200 reais, um rádio, etc.., contra mais de 1500 filiados do MST, sem identificar os objetos e sem base legal para tanto? Ou? Ou?
São tantos exemplos, só que não é o povo que zomba do judiciário, é o Judiciário que há muito zomba do povo! Salve Requião...
Abraços!