O banco de dados, ainda incompleto (ele apresenta vários períodos “obscuros”), revela que, de 4 de outubro de 1965 a 15 de agosto de 1973, os Estados Unidos lançaram sobre o Camboja uma quantidade de bombas muito maior do que se estimava até agora: 2.756.941 toneladas, totalizando 230.516 surtidas sobre 113.716 locais. Mais de 10% desse bombardeio foi indiscriminado: 3.580 locais apresentavam alvos “desconhecidos” e 8.238, simplesmente não apresentavam alvos. O banco de dados revela, também, que o bombardeio começou durante a presidência de Lyndon Johnson e não de Richard Nixon – portanto, quatro anos antes do que geralmente se supunha.
O impacto do bombardeio, objeto de muita discussão nas últimas três décadas, mostra-se agora mais claro do que nunca. A matança de civis no Camboja jogou um povo exasperado nos braços de um movimento guerrilheiro que até então recebera um apoio relativamente limitado da população, provocando a expansão da guerra do Vietnã no interior do Camboja, um golpe de estado em 1970, a rápida ascensão do Khmer Vermelho e, em última instância, o genocídio cambojano.
O excerto acima é parte de texto do Le Monde Diplomatique, sobre os bombardeios dos Estados Unidos, no Camboja nas décadas de 1960 e 1970. Confira o texto completo no Le Monde Diplomatique Brasil.
Um comentário:
Creio não ser absurdo dizer que os EUA cometeram graves faltas e crimes de guerra com tais bombardeios. O fato de não se julgar, de nem mesmo se levar a julgamento tais casos mostra o quanto estamos mal nessa era de império estadunidense.
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