sábado, 29 de dezembro de 2007

Alemanha preocupada com as armas nucleares paquistanesas

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, está preocupado com a possibilidade de que as armas nucleares do Paquistão caiam em mãos inadequadas caso a crise na potência atômica asiática se agrave ainda mais.

"As armas nucleares nunca devem cair em mãos islamitas. Apesar da atual situação instável, ainda não existe nenhum risco concreto, mas é preciso corrigir a situação para que continue sendo assim", afirmou ao jornal Bild am Sonntag.

"Estamos horrorizados com o atentado cruel que matou na quinta-feira a ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto e que criou uma situação que pode desencadear a crises mais grave na história do Paquistão", disse o chefe da diplomacia alemã.

Brasileiros sumidos na era Condor estão em Dossiê

A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos organizou uma nova edição do "Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a partir de 1964" que traz pelo menos seis brasileiros, desaparecidos na Argentina, como possíveis alvos da Operação Condor. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

A operação consistia no acordo entre as ditaduras do Cone Sul nos anos 70 para combater opositores. De acordo com levantamento feito pela comissão, em contrapartida, pelo menos sete argentinos desapareceram no Brasil entre 1975 e 1980.

O Dossiê está previsto para ser lançado em 2008.

Pedindo uma cerveja no Zimbábue

Keynes disse certa vez que numa situação de hiperinflação é melhor pedir três cervejas ao entrar num bar, porque o preço da bebida irá subir ao longo da noitada. Pensei na frase do economista ao ler o post de Chris Blattman (que toca um dos melhores blogs que conheço a respeito de desenvolvimento e questões afircanas) sobre o Zimbábue, país que vive uma terrível crise política e econômica. A foto mostra a quantidade de dinheiro necessária para comprar um copo de cerveja. Há polêmicas sobre o índice de inflação, mas acredita-se que possa ser de mais de 10.000% anuais - os piores na América Latina estiveram em torno de 3.000%. A expectativa de vida baixou para 37 anos.

Na época colonial, o Zimbábue se chamava Rodésia, batizado em homenagem ao empresário e explorador britânico Cecil Rodes, que se tornou conhecido por sua declaração de que ficava angustiado ao ver o céu estrelado, porque ali estavam vários planetas que ele nunca poderia colonizar. Para azar dos africanos, boa parte do continente estava disponível. A África Austral, com seu clima ameno, foi especialimente propícia ao estabelecimento de milhões de colonos brancos. Não por acaso, foi lá que as independências não puderam ser negociadas e tiveram que ser conquistadas à bala: África do Sul, Angola, Moçambique, Namíbia, Zimbábue.

No Zimbábue, a minoria branca fez uma célebre declaração unilateral de independência dos britânicos, porque acreditava que Londres iria chegar a algum tipo de acordo com a maoria negra. Esta, evidentemente, não gostou da perspectiva de viver num regime racista e o resultado foi uma feroz guerra civil. O líder do governo branco, Ian Smith, morreu há poucas semanas. O chefe dos rebeldes, Robert Mugabe (foto) governa o pais desde os anos 1980.

O texto continua em Todos os Fogos o Fogo, inclusive com figurinha.

Contemplar com eficiência

Trecho do editorial do jornaleco da Azenha de hoje, exaltando como "experiência inovadora" o projeto das OSCIPs, recém aprovado pela Assembléia farrapa:

"O recurso às parcerias com o setor privado só se justifica se implicar diminuição da burocracia no fornecimento de um determinado serviço, com redução de custos para o poder público e melhoria da qualidade para o consumidor final. Obviamente, esse tipo de inovação irá se chocar sempre com os interesses de corporações influentes de servidores, na maioria das vezes mais preocupados em garantir privilégios do que em contemplar com eficiência as aspirações dos contribuintes" (Os grifos são meus).

Bem, se alguém ainda não sabia o que o Grupo RBS pensava sobre a maioria dos servidores do funcionalismo público gaúcho, que ao contrário dos jornalistas de ZH não precisam lamber as botas de ninguém em função do fato de terem sido aprovados em transparentes concursos públicos, o texto acima, extremamente preconceituoso, generalista e rançoso, acaba de deixar isso bem claro.

A maioria dos professores da rede estadual e da Uergs, dos servidores da saúde, do judiciário e do ministério público gaúcho, bem como de toda e qualquer área pública, seja estadual ou não, ingressa no serviço público mais com o objetivo de garantir privilégios do que contemplar com eficiência as aspirações dos contribuintes. Isso de contemplar com eficiência as aspirações alheias só quem faz é a iniciativa privada, claro. É por isso, e não pelo lucro, que as corporação privadas existem. O sentido da existência do Grupo RBS é contemplar com eficiência as aspirações alheias, inclusive.

De La Vieja Bruja.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O julgamento de Fujimori

Fujimori tem longa e pouco edificante história. Foi eleito presidente em 1990 e deu um autogolpe em 1992. Ficou no poder até 2000, depois fugiu para o Japão e o Chile, cuja justiça o extraditou ao Peru em setembro deste ano. Apesar de sua ficha criminal, ainda é considerado um herói por muitos peruanos, por derrotar o grupo terrorista Sendero Luminoso e debelar a alta inflação do país. Ironicamente, Fujimori mantém popularidade mais alta do que a do atual presidente, Alan García. E como boa parte da elite política peruana apoiou a ditadura, seu julgamento será ameaçador para muita gente no país.


O texto completo em Todos os Fogos o Fogo.

A culpa é do Lula

A culpa de Lula e as mortes nas estradas

O Natal de 2007 já é passado – segundo os lojistas, o melhor dos últimos 10 anos, do ponto de vista das vendas, obviamente – e os jornais chegam às bancas e casas dos assinantes magrinhos, com pouca notícia. O incêndio no Hospital das Clínicas, em São Paulo, rendeu boas fotos nos dois diários paulistas e os acidentes nas estradas também foram bastante explorados em função do "aumento recorde" deste tipo de tragédia. Sobre o incêndio, há pouco a comentar e desde já o blog garante que não foi culpa do governador José Serra (PSDB), embora alguns digam que ele é tão azarado que nem no Natal consegue alguns momentos de paz...

Sobre o aumento das mortes nas estradas, porém, vale a pena ler o comentário reproduzido abaixo, do jornalista Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa. Este blog concorda com o argumentos e arremata: a culpa, neste caso, é mesmo do presidente Lula, como os jornalões marotamente insinuam, mas não pelas razões que eles apresentam. A culpa é de Lula porque em seu governo o país vem crescendo ano a ano, o que é muito bom, mas não deixa de provocar alguns problemas também graves. As estradas estão mais entupidas, os aeroportos estão cada vez mais lotados – sim, até o povão está tomando avião, para horror de uma certa classe média preconceituosa e invejosa que temos no Brasil. Essas coisas, no fundo, são como as dores do parto. A seguir, o lúcido texto de Luciano.


Guerra nas estradas

Mais uma vez, como acontece todos os anos, os jornais do dia 26 de dezembro trazem as estatísticas das mortes nas estradas brasileiras.

E a cada ano os números se tornam mais impressionantes.

Hoje, os jornais publicam uma avaliação parcial da Polícia Rodoviária Federal: foram 134 mortos em acidentes desde a meia-noite de sexta-feira até as 6 horas da manhã de ontem.

É bem provável que tenhamos tido, pela primeira vez, um Natal com mais mortes do que as que ocorrem no carnaval.

O balanço final será divulgado hoje, mas os dados parciais antecipados pelos jornais mostram que o número de vítimas fatais chega a ser quase 78% superior ao das ocorrências do Natal de 2006.

É a pior estatística dos últimos quatro anos, e pode ser ainda mais grave, já que ainda não haviam sido contabilizadas as ocorrências do último dia do feriado.

Segundo autoridades citadas pelo Estado de S.Paulo e a Folha, a principal causa de acidentes continua sendo a imprudência dos motoristas.

Mas o sucesso do modelo econômico adotado no Brasil tem grande relação com a tragédia.

O Estadão observa que 2007 foi o ano em que dois fatores ligados à economia aumentaram os riscos nas estradas.

O primeiro deles é a venda recorde de automóveis – foram 3 milhões de novos veículos colocados nas ruas e estradas neste ano, considerado o melhor resultado da indústria automobilística em toda a sua história.

O outro fator de risco é o aumento do consumo em geral, que provoca uma elevação na estatística de transporte de produtos industrializados e grãos pelas rodovias.

A receita da tragédia é a convivência de muito mais automóveis com muito mais caminhões, cada um deles dirigido por um motoristra apressado, nem sempre preparado e quase sempre convencido de que dificilmente será apanhado pela polícia.

Os jornais têm dado destaque todos os anos às estatísticas dos desastres, assim como têm sabido comemorar os feitos da economia.

O que parece estar faltando é relacionar uma coisa com a outra.

Do Blog Entrelinhas.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Ex-premier paquistanês pede renúncia de Musharraf e decide boicotar eleição

"Eleições livres e justas são impossíveis com Musharraf", disse Sharif numa entrevista coletiva em Rawalpindi.

O líder da Liga Muçulmana do Paquistão-N (PML-N) acusou Musharraf de ter "planejado" a morte da ex-primeira-ministra. Além disso, informou que seu partido não participará das eleições legislativas de 8 de janeiro, em solidariedade ao Partido Popular do Paquistão (PPP), ao qual Bhutto pertencia.

"Musharraf é a origem de todos os problemas", afirmou Sharif, que pediu ao presidente que renuncie para "salvar o Paquistão".

MEU COMENTÁRIO: Musharraf chegou ao poder com apoio dos EUA. O Paquistão possui bombas atômicas e agora os generais norte-americanos estão com verdadeiro pavor de que esses artefatos passem para mãos de oposicionistas.

"Hipocrisia na Mídia - Isso Tem que Ter Fim"

LA VIEJA BRUJA:

O que faz com que um certo número de abobados de relações públicas pense que um certo número de jornalistas abobados vestindo camisetas com determinada mensagem em vésperas de feriados irá de algum modo influenciar no comportamento do motorista brasileiro, há anos diariamente bombardeado pelos rebaixados apelos do álcool e da velocidade aliada à potência? O que faz com que tais abobados pensem que haveria alguma relação imediata e quase mágica de causa e efeito entre a verbalização de suas toscas pretensões, em um dia, e o comportamento dos condutores de veículos, em outro? Como estes sujeitos conseguem pensar que tal tipo de problema está sujeito à tal tipo de planejamento de relações públicas, que no final das contas só se preocupa com a imagem pública de seus idealizadores?

Bem, só mesmo visitando faculdades de comunicação social e rodinhas de publicitários e relações públicas para se saber como tais estrategistas pensam e agem. La Vieja já adianta que é preciso ter estômago para suportar a quantidade de chavões, simplificações, reducionismos, achismos e crenças irrefletidas em discussão. De suas pranchetas saem planejamentos brilhantes como o recente "Violência no Trânsito - Isso Tem que Ter Fim", do Grupo RBS. Trata-se mais ou menos de uma espécie de alívio de consciência, algo do tipo: "ufa, ainda bem que existimos para fazer com que as pessoas se dêem conta dos problemas do trânsito. Deveriam ser eternamente gratos por nossa perspicácia. Agora vamos todos para casa esperar pelas estatísticas, pois a mensagem está dada. Fizemos nossa parte".

Os raciocínios de relações públicas e de publicitários são de uma tosquice ímpar. Mais toscos, só os jornalistas de se prestam a vestir as camisetas criadas pelo brilhantismo intelectual de seus colegas.

LEIA MAIS CLICANDO NO TÍTULO..............

O macabro jogo da RBS

DIÁRIO GAUCHE:

A empresa de mídia corporativa e conservadora RBS de Porto Alegre apostou um jogo com a morte. E perdeu. Um jogo faustiano perigoso, onde o prêmio seria mais prestígio social de superfície e mais humanitarismo postiço. Foi derrotada.

Semanas atrás, o grupo RBS lançou uma campanha institucional contra a violência no trânsito (leia-se violência do automóvel) com o rótulo "Isso tem que ter fim" (comentamos esse tema dias atrás, ver abaixo). Exigiu autoritariamente que todos os seus celetistas vestissem uma camiseta com os dizeres no peito e os estampou no seu principal diário, o jornal José Agá. Constrangido, o independente Luís Fernando Veríssimo saiu com cara de gato a cabresto.

Se arrependimento matasse, a sede da RBS na avenida Ipiranga seria um campo santo silencioso e reverente. Embarcaram, certamente, na conversa fácil e vazia de algum publicitário genial (plenonasmo, os publicitários sempre são "geniais"!) munido de dados seriados e curvas coloridas (que eles insistem em chamar de "estatística") para provar que este ano de 2007 haveria uma queda significativa de acidentes de trânsito e que a RBS poderia surfar essa onda positiva, já que os saldos anuais vinham de fato caindo lenta, mas constantemente. É simples, fácil, não requer prática nem habilidade, qualquer criança brinca, todo o adulto se diverte... só que o gênio esqueceu de dizer que o game era contra a morte. Um xadrez com a morte, dos outros. Resultado: morte 35, RBS zero. Nunca tantas vidas foram engolidas pelo automóvel, em tão poucos dias de feriados. O próprio editorial de José Agá admite a derrota acachapante.

PARA LER MAIS CLIQUE NO TÍTULO DESTA.

Abrir espaços à paz e ao intercâmbio humanitário

Abrir espaços à paz e ao intercâmbio humanitário

Escrito por Pietro Alarcón

13-Dez-2007


A pressão nacional e internacional obrigou ao governo colombiano, depois de muitas idas e vindas, a anunciar a facilitação do chamado intercâmbio humanitário criando nesse país uma zona de encontro, que permitirá gerar um novo espaço de negociação das partes em conflito.

De fato, os resultados eleitorais que demonstram o avanço do Pólo Democrático de oposição ao governo, o clima desfavorável para Uribe no campo das relações internacionais, os escândalos que o comprometem direta ou indiretamente com o narcotráfico, sua torpe aliança com Bush - em franca contra-via aos ares que se respiram na América Latina -, que o faz aparecer como um cúmplice de ocasião das atrocidades no Iraque e Guantánamo e os reclamos de familiares de seqüestrados diante das suas propostas, acompanhadas não raro de chiliques e discursos destemperados, nos quais anunciava resgates heróicos, obrigaram ao presidente a uma concessão difícil mas da qual, no entanto, pretende extrair ainda um lucro político em todos os cenários, aparecendo como o artífice do novo processo.

Por isso, não se trata, necessariamente, de uma mudança de rumo na essência da política governamental, senão a evidencia de que não há outra saída nas atuais circunstâncias para o governo, senão a de admitir que na Colômbia existe um conflito social e político armado, de que fracassou a tentativa de resolver o problema dos seqüestrados através de ações violentas e de que urgentemente, como aliás faz tempo asseguram até membros do establishment, é preciso encontrar vias e caminhos para discutir temas de interesse de toda a comunidade e abrir espaço uma janela à negociação para a paz.

O tema dois direitos humanos ganhou, assim, um fôlego importante. Em pauta está a troca de prisioneiros insurgentes nos presídios da Colômbia pelos seqüestrados em poder das FARC.

Que o seqüestro é uma conduta que atenta contra o senso de humanidade que existe em cada um de nós, é opinião unânime entre os que querem paz, segurança e justiça no mundo. Contudo, como toda conduta, deve ser avaliada no contexto em que esta se desenvolve e, no caso colombiano, o seqüestro passou a ser uma forma de ação política.

Sem pretender justificar que se trata de um dos atos mais duros contra a liberdade humana, na Colômbia não há como esquecer que o deterioro do conflito que se alastra por mais de quarenta anos, e que foi iniciado pelo terrorismo de Estado nos campos do país, tem também condutas como a da detenção-desaparecimento de centenas de lideranças populares, de homens do povo dos quais ainda nada se sabe, embora as evidências apontem que foram detidos por forças patrocinadas por elementos que fazem parte da estrutura estatal. E sem esquecer, também, que se acumulam as denúncias na Comissão Interamericana de Direitos Humanos contra o Estado colombiano e suas forças armadas que, por ação ou omissão, se encontram seriamente comprometidas com as andanças dos grupos paramilitares.

É dizer, o seqüestro, os desaparecimentos, os assassinatos dos sindicalistas – 32 no ano 2007, segundo a Comissão de Direitos Humanos da CUT-Colômbia –, estudantes, professores, camponeses, enfim... se inscrevem no marco de um conflito ocasionado pela teimosia de uma oligarquia em manter uma democracia de fachada e que não duvidou em apelar a táticas de extrema violência para impedir o estremecimento do seu poder desde a metade do século XX até os nossos dias.

Não sabemos ainda qual é a reação dos Estados Unidos, que agenciam a presença das suas tropas e intervém diretamente assessorando e contribuindo a polarizar a situação de guerra ou torpedeando os bons ofícios de países vizinhos e personalidades que não são do seu agrado. A propósito, a gestão de Chávez estava transcorrendo tão bem que pará-la ou suspende-la, de qualquer maneira, era, para o governo da Colômbia – e especialmente para seu big brother - uma necessidade política.

Por isso, é de extrema importância que as forças democráticas do Continente se pronunciem em favor da irreversibilidade dessa proposta, forçando ao governo a, quanto antes, dar passos para efetivá-la. Há que partir da premissa, como o fazem as organizações que trabalham em prol dos direitos humanos na Colômbia, de que o Estado tem o dever constitucional de resguardar e vida e o bem-estar de todos os colombianos, e contra esse argumento não cabem formalidades que possam escamotear as considerações humanitárias que devem ser levadas em conta para resolver algo tão urgente e delicado.


Pietro Alarcón é professor da faculdade de Direito da PUC/SP e representante no Brasil do Comitê Ppermanente da Colômbia pela Defesa dos Direitos Humanos.


Texto do Correio da Cidadania.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Chile relembra 100 anos do massacre de Iquique

O governo chileno celebra hoje (21/12), com luto nacional, os cem anos do Massacre da Escola Santa María de Iquique.

O Massacre de Iquique foi uma carnificina perpetrada pelo exército chileno, em 21 de dezembro de 1907, contra milhares de trabalhadores do salitre em greve geral. Fala-se em mais de 3 mil operários e familiares mortos.

Este acontecimento faz parte do início do movimento operário chileno, ligado aos trabalhadores mineiros. O massacre foi de tal brutalidade que impôs uma paz de cemitério durante 15 anos aos operários e suas reivindicações. A matança é um símbolo do movimento sindical e da esquerda chilena.

O Processo

Certa manhã, em maio de 2004, quando o artista Steve Kurtz abriu os olhos, após um sono inquieto, descobriu que sua mulher estava morta. Chamou a polícia, pelo 911, e inaugurou um pesadelo. Os policiais encontraram um laboratório com culturas de bactéria (o artista e a mulher trabalhavam com um projeto que seria exibido naquele mês, sobre alimentos transgênicos) e avisaram ao FBI, que apreendeu vários pertences do casal e passou a perseguir o sujeito.

Constatou-se que a mulher havia morrido de ataque cardíaco, e que as bactérias era de uso comum em laboratórios de escola secundária, mas o FMI não larga o pé do homem, e o processa por fraude em correspondência ou coisa parecida. Depois de anos de pressão, parece que conseguiu que o professor que enviou as bactérias ao artista, pelo correio, deponha contra ele (o professor está muito doente,e não agüenta mais o pesadelo imposto pelo FBI). Pelo Patriot Act, baixado por Bush depois do 11 de setembro, o artista pode pegar até 20 anos de prisão, se culpado. A história virou documentário, que teve repercussão pífia nos EUA, e a história continua como conta a Art in America, AQUI.

Aliás, o filme passou pelo Rio, neste ano. Não me lembro de ter visto matéria sobre isso em algum caderno cultural; quem sabe foi derrubada para dar lugar a alguma história sobre a Sandy e o Júnior. Há campanhas no mundo todo pelo cara.

Esse é o mundo de quem empacota seus medos e os entrega à polícia, com carta branca e regras frouxas, para perseguir os criminosos. Como o alienista do Machado de Assis, que via maluco em todo canto, a polícia é paga para encontrar culpados, nem que, às vezes, tenha de fabricá-los.

Do Sítio do Sérgio Léo.

Ri Amarelo...

...com as charges do Tinta China, referentes à demissão, agora já nem tão recentes, do Kayser, Moa e Santiago, num jornal de Porto Alegre.

Esta é apenas um exemplo. Confira as demais no Tinta China.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

[...]A mais simbólica das rebeliões sociais, a de Espartaco contra o Estado Romano, foi liquidada por Crasso e Pompeu, com a crucificação de seis mil escravos ao longo da Via Appia - 72 anos antes de Cristo. No início, o grande gladiador queria apenas que os escravos pudessem escapar do jugo e refugiar-se em seus países de origem. Mas seus comandados queriam mais, queriam o poder para construir uma sociedade igualitária - e por isso foram massacrados.[...] (No Jornal do Brasil)

Luz para todos, o tempo todo ?

Litroenergia. É o nome da tecnologia - recém-descoberta - que faz com que materiais plásticos consigam emitir luz por 12 anos, sem precisar de pilha, energia elétrica, solar ou qualquer que seja.

Sensacional, não? As responsáveis pela "mágica" são micro-partículas chamadas "litrosferas", atóxicas e de custo irrisório. Em bom português, esta descoberta tem tudo para mudar nosso cotidiano na próxima década. (No Jornal do Brasil).

Salário impulsiona o desenvolvimento

[...] Diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio lembra que o reajuste do salário mínimo é um instrumento importante para aumentar o volume de dinheiro que circula na economia. Quando uma pessoa rica tem um aumento salarial, argumentou o cientista social, o excedente de renda é convertido em poupança ou é gasto com bens de luxo ou em viagens ao exterior. Já a alta do rendimento básico do trabalhador causa o aumento da demanda por alimentos, energia, vestuário, produtos de higiene, materiais de construção, serviços de telecomunicações e transportes.

- O aumento do salário mínimo vai direto para o consumo. Não é esterilizado em poupança - explica o cientista social. - O dinheiro vai para o consumo de bens de primeira necessidade. (No Jornal do Brasil)

domingo, 23 de dezembro de 2007

O "processo dos 25" chega ao fim: total de mais de 108 anos de prisão para 24 ativistas

Quase um mês depois da manifestação que reuniu 80 mil pessoas que reivindicaram a autoria de Gênova, na tarde dessa sexta-feira, 14, foi encerrado o "processo dos 25". Esse processo acusava 25 pessoas por "devastação e saqueio" nos protestos durante a reunião do G8 em 2001, em Gênova, Itália. O resultado foi apenas um ativista inocentado, enquanto os demais foram condenados a pagar 100 mil euros e suas penas totalizam 108 anos e 3 meses, variando para cada um entre cinco meses a onze anos.

Para um grupo de catorze ativistas, a acusação de "devastação e saqueio" não se sustentou e os acontecimentos na via Tolemaide foram entendidos como auto-defesa diante de uma polícia autoritária, não constuindo crime. No entanto, eles foram condenados pelos danos e cumprirão penas entre cinco meses a dois anos e seis meses. E ainda, um deles cumprirá 5 anos por danificar o carro da polícia, aquele mesmo que matou o ativista Carlo Giuliani.



Continue lendo no CMI Brasil.

Aumento do glifosato tira força da soja transgênica

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO DE 2007

Os custos da lavoura de soja aumentaram 10%. Um dos maiores reajustes foi registrado pelo glifosato, em torno de 40%. 'A alta fez com que, pela primeira vez, a soja transgênica perdesse competitividade com relação à convencional, conforme foi constatado no Mato Grosso do Sul', disse o superintendente da CNA, Ricardo Cotta Ferreira, no lançamento dos primeiros resultados dos Ativos do Campo, que integram o projeto Campo Futuro da CNA.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Google abriga praga virtual, diz empresa de segurança

Propagandas colocadas pelo Google em páginas da web estão sendo corrompidas por programas cavalo-de-tróia que substituem o texto original dos anúncios por mensagens de um provedor diferente. A revelação foi feita pela empresa de antivírus BitDefender nesta quarta-feira.

Os programas cavalo-de-tróia invadem os computadores sem serem detectados. As atividades ocultas vão de mudança na configuração do sistema à exclusão de arquivos do computador e furto de senhas bancárias. Neste caso, segundo a empresa de segurança, eles atacam o serviço AdSense do Google, que procura combinar os anúncios com o conteúdo da página.

O cavalo-de-tróia redireciona os caracteres que deveriam ser enviados aos servidores do Google para um servidor pirata, que exibe anúncios de uma outra empresa em vez dos anúncios do Google.

O Google divulgou um comunicado nesta quarta-feira sobre o suposto problema: "Cancelamos contas de clientes que exibem anúncios que redirecionavam o usuário para sites exploradores ou que anunciavam um produto violador dos nossos princípios de software. Trabalhamos ativamente para detectar e remover sites que servem programas maliciosos ("malwares") em nossa rede de propaganda e em nossos resultados de busca. Possuímos processos manuais e automatizados em curso para detectar e reforçar nossas políticas."

Erro impede que Brasil suba no ranking do IDH

A ONU escolheu o Brasil como palco para apresentar ao mundo seu novo Relatório de Desenvolvimento Humano, mas cometeu, involuntariamente, uma injustiça com os anfitriões do evento. Graças a um erro metodológico, o país caiu no ranking da qualidade de vida do mundo - mas deveria ter subido.

O relatório divulgado hoje, com dados de 2005, mostra que o Brasil atingiu exatamente a "nota" mínima (0,800 numa escala de zero a um) para entrar no clube países de "alto desenvolvimento humano". A nota em questão é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), adotado pela Organização das Nações Unidas para medir e comparar o progresso social em diferentes países.

De 2004 para 2005, o IDH do Brasil subiu de 0,792 para 0,800 - evidência de que houve avanços nos quesitos renda, educação e longevidade. Mas, no ranking oficial, o país caiu da posição 69 para a 70. Sinal de que outros países melhoraram mais? Nada disso.

Terra Magazine revisou as contas da ONU e descobriu uma distorção. Os cálculos foram feitos com base no "PIB velho" do país, ou seja, não levaram em conta a mudança de metologia do IBGE, promovida em março deste ano, que revelou um país mais rico - ou menos pobre - do que se imaginava (leia aqui). O FMI já cometeu esse erro (leia aqui), mas depois se corrigiu (leia aqui).

Texto completo no Terra Magazine.

Eleitora de Lula, atriz apóia bispo e critica governo



Em frente ao Palácio do Planalto, sob o sol do meio-dia, a atriz Letícia Sabatella misturou-se a integrantes de movimentos sociais, rezou, cantou e discursou em apoio à greve de fome de dom Luiz Flávio Cappio. (ES)

FOLHA - O governo já disse que não pára as obras. Como a sra. avalia isso?
LETÍCIA SABATELLA -
A gente vê a decisão de dom Luiz de abrir mão da própria vida e de chamar a atenção para uma causa que vai atender às gerações futuras, e, ao mesmo tempo, vê o governo tão apegado à uma idéia de transposição e à idéia de modelo de desenvolvimento calcado no lucro de alguns.

FOLHA - A sra. acha que o governo Lula está fora da linha para a qual foi eleito?
SABATELLA -
O Lula foi feito e construído através do empenho dele, é claro, e dos movimentos populares. Com a chegada do Lula, se acreditava numa democracia popular. Começou a ter isso num determinado momento, mas com o PAC, com essa política de aceleração do crescimento, vai aumentar o trabalho escravo, aumentar a prostituição infantil e não se faz uma reforma agrária. Com o PAC, há um retrocesso.

FOLHA - A sra. votou no Lula?
SABATELLA -
Votei. Eu fiz campanha pro Lula.

FOLHA - Se arrependeu?
SABATELLA -
Não estou pensando nisso agora. Do lado de quem eu estava, eu ainda estou. Esse ato do dom Cappio, por mais que pareça radical e insano, e na verdade não é, é resposta do que se está sofrendo de radicalismo por parte do governo, do poder econômico. Nesse momento é de se pensar: que horas que o Lula vai se lembrar do seu compromisso com o povo e com o social? Como fazê-lo se lembrar disso e acreditar que existe esse apoio, e não só a pressão econômica sobre o governo.

A entrevista é da Folha de São Paulo(para assinantes da Folha ou do UOL). A foto da musa é de Ricardo Marques / Folha Imagem.

Para Servir e Proteger

- Porra, a PM matou um garoto de 15 anos em São Paulo. Tortura. Tinha mais de 30 marcas de choques elétricos no corpo. Assustador.

- Eu vi na tevê. Assustador por quê? Hummm... Este patê está uma delícia. É foie gras?

- Humhum. Importado da França. Ora, é assustador a polícia adotar os métodos da repressão da época da ditadura militar.

- Bobagem, sempre foi assim. Eu até tenho saudades dos tempos dos milicos. Ainda era garotão, mas cheguei participar de uma missa negra com o pessoal da Operação Bandeirantes. Bons tempos aqueles. Época de negócios lucrativos sem a imprensa enchendo o saco. Estamos voltando. Um dia ainda chegamos lá. Além do mais, o moleque não era preto, pobre, maconheiro e ladrão?

- Era preto e pobre, provavelmente fumava maconha. Suspeito de roubo.

- É tudo a mesma coisa. Culpado. É um a menos a nos ameaçar. Esta gente não merece viver.

- Sei não. Pode sobrar pra nós.

- Como assim? Maravilha este Buchanan’s. 12 anos?

- Pô isto é pergunta que se faça? Claro que é. Tenho medo que os gorilas se voltem contra nós ou nossos filhos.

- Bobagem. Estes caras estão aí pra nos servir e proteger.


O que vai acima é uma obra de ficção (qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência). A obra de ficção continua na Toca do Jens.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Porto Alegre tem o 4o. maior PIB per capita do País

Dentre as capitais brasileiras, Porto Alegre tem o quarto maior PIB per capita, ficando com R$ 19.582. A cidade fica atrás de Vitória (R$ 47.855), Brasília (R$ 34.510) e São Paulo (R$ 24.083).

Os dados são de uma pesquisa do IBGE divulgada nesta quarta-feira, 19. Pelo estudo, a capital gaúcha fica à frente do Rio de Janeiro, que tem PIB per capita de R$ 19.524.

A pesquisa também aponta que todas as capitais brasileiras do Sul e Sudeste apresentaram PIB per capita superior ao brasileiro em 2005, enquanto no Nordeste nenhuma registrou esta marca. No Norte e Centro-Oeste, as únicas capitais com esta superioridade foram Manaus, Brasília e Cuiabá.

Do Baguete Diário.

No Brasil, XO é o laptop de US$ 420

Para quem estava curioso sobre o preço pelo qual o XO, o laptop que compõe o modelo educacional do OLPC, anunciado inicialmente (e ainda hoje conhecido e referenciado) como o "laptop de 100 dólares", chegaria ao Brasil, a cobertura do G1 sobre a vitória do Classmate e da Positivo na primeira fase do pregão que decide os equipamentos que serão usados nos testes do projeto UCA (Um Computador por Aluno) do governo federal no ano que vem tem a resposta: o preço pelo qual a solução montada a partir do micro do OLPC foi oferecida ao governo brasileiro foi de US$ 420.

O objeto do pregão é a "Contratação de empresa especializada para fornecimento de 150.000 equipamentos portáteis denominados laptops educacionais, para atendimento de 300 escolas do Piloto do Projeto ´Um Computador por Aluno (UCA), na forma e condições estabelecidas no Edital e seus anexos" - naturalmente, o preço acima também inclui infra-estrutura, suporte e serviços adicionais, nos termos do edital.

Do BR-Linux.

Anistia cobra rigor em investigação de tortura em Bauru

Anistia cobra rigor em investigação de tortura em Bauru

A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional afirmou nesta quarta-feira que vai acompanhar de perto as investigações sobre a morte de Carlos Rodrigues Júnior, de 15 anos, encontrado morto no último sábado com marcas de tortura em Bauru (SP).

"Foi uma brutalidade extrema, um claro caso de tortura e execução", disse à BBC Brasil o pesquisador Tim Cahill, da Anistia. "Vamos manter contato com as autoridades e com ONGs locais para acompanhar o caso."

O representante da Anistia Internacional diz que a organização deve escrever cartas às autoridades para pressionar por rigor nas investigações.

O adolescente era acusado de roubar uma moto. Mais de 300 gramas de maconha também teriam sido encontrados na casa do rapaz. Seis policiais militares foram presos após a morte.

"Na nossa experiência, essas detenções iniciais (de suspeitos) escondem investigações fracas", afirmou Cahill. "É difícil sustentar processos como esses pela fraqueza da investigação e pela falta de testemunhas."

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Bauru, onde o jovem foi encontrado morto, encontrou indícios de 30 choques elétricos pelo corpo do rapaz.

Dois deles estavam do lado esquerdo do peito e teriam atingido o coração do rapaz, o que teria provocado uma parada cardiorrespiratória.

No veículo dos PMs presos, foi encontrado um fio descascado que pode ter sido utilizado para aplicar os choques.



Da BBC Brasil.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Senado americano aprova fundo de US$ 70 bilhões para guerras

O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite de terça-feira um orçamento de meio trilhão de dólares para 2008 que inclui um fundo de 70 bilhões de dólares para as guerras do Iraque e do Afeganistão, o que representa uma grande vitória para o presidente George W. Bush.

O placar da votação no Senado foi de 70-25 a favor do orçamento, que passara na segunda-feira pela Câmara de Representantes. Porém, os senadores incluíram fundos extras de guerra na versão aprovada pela Câmara, que registrava 31 bilhões de dólares para os esforços americanos no Afeganistão e nada para o Iraque.

A versão aprovada no Senado não inclui nenhuma das restrições que os democratas esperavam adotar para liberar os fundos de guerra, como por exemplo uma data para a retirada das tropas americanas.

O orçamento volta agora à Câmara de Representantes para uma nova votação nesta quarta-feira, mas a Casa só examinará as emendas para o fundo de guerra acrescentadas pelo Senado. Bush já anunciou que em caso de aprovação promulgará todo o orçamento.

TAM e RBS, RBS e TAM

Leio que o Grupo RBS, que arrendou a Usina do Gasômetro, inaugurou uma árvore de Natal que rivaliza em tamanho com a chaminé. A iniciativa é patrocinada pelas Casas Bahia e pela companhia aérea TAM. O Natal está no ar, diz um anúncio da TAM veiculado nos meios de comunicação do Grupo.

Para refazer sua imagem após a tragédia-crime com o vôo jj 3054, em 17 de julho de 2007, a TAM não anunciou reforço nas medidas de segurança, mas despejou dinheiro na imprensa, anunciando novos vôos internacionais e patrocinando toda a sorte de eventos e campanhas, de futebol a árvore de Natal. A imprensa, que deveria cobrar por maior segurança no setor aéreo, voltou a exigir menos filas e maior rapidez nos aeroportos. Tudo ao gosto do anunciante.

No entanto, o caso do Grupo RBS é mais grave. Porque o seu executivo mais influente – Pedro Parente – ocupa uma cadeira no Conselho de Administração da TAM desde abril deste ano.

Ele entrou no lugar antes ocupado por Henri Philippe Reichstul. Na época, uma notícia do O Globo afirmava que a indicação se devia, segundo o então presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, ao “currículo impressionante” e ao “histórico de eficiência” de Parente, que foi ministro no governo FHC, consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, depois, passou a ocupar o cargo de vice-presidente-executivo do Grupo RBS.

No site da TAM, está escrito que Pedro Parente integra o Conselho de Administração da empresa desde abril de 2007, tendo sido indicado pela TEP (TAM Empreendimentos e Participações).

Convocado por Lasier Martins, também estou aqui denunciando este caso, para cobrar transparência na coisa pública. Pois tanto a RBS como a TAM operam concessões públicas, compartilham um importante diretor e estão escancarando uma relação antes feita na esfera dos andares superiores das diretorias corporativas.

Por que motivo Pedro Parente está na TAM e na RBS? Qual é a influência disso na cobertura jornalística sobre a queda do Airbus da TAM pelos veículos do Grupo RBS? O patrocínio à arvore de Natal foi decidido no Conselho de Administração da TAM ou na diretoria do Grupo RBS? É possível acreditar no que a RBS fala sobre a tragédia com o avião da TAM?

Naquele terrível final de tarde de 17 de julho, 199 pessoas morreram vítimas da imperícia, da negligência, da omissão, da irresponsabilidade de agentes públicos e privados. A mídia colocou seus jornalistas para cobrir a tragédia e eles até ganharam prêmio com isso. Em seguida, foi a vez dos anúncios, gordos anúncios que encheram as páginas dos jornais e calaram a boca de quem deveria cobrar, exigir, fiscalizar.

Do Garambombo, via RS Urgente

Ninguém merece...

Ontem à tarde, o portal UOL informava que "o banco de investimentos Morgan Stanley rebaixou sua recomendação de classificação de risco para o Brasil, passando de 'igual à referência do mercado de ações' para 'abaixo da referência'. Isso se deveria a que "os investidores observam os movimentos do governo para saber como será compensada a perda de arrecadação com a CPMF, tributo que o Senado decidiu na semana passada não prorrogar". Já o "banco de investimentos Goldman Sachs avalia que o Brasil pode demorar mais para ganhar o grau de investimento dependendo da forma como o governo reagir à extinção do tributo".
Não é uma belezinha de notícia, turma? Viram só o que esses irresponsáveis da oposição e da mídia fizeram? E sabem por que? Porque o Brasil alcançar o investment grade (grau de investimento) significaria redução nas taxas de juros internacionais que paga por empréstimos e tomada de financiamentos pelos setores público e privado no exterior. Traduzindo: o país pagará mais caro pelo dinheiro externo que pedir emprestado porque a perda da receita expressiva da CPMF gerou dúvidas não só quanto à nossa capacidade de manter o superávit primário (espécie de poupança que o Estado brasileiro faz para garantir o pagamento de suas dívidas internas e externas), mas, também, quanto à capacidade do governo de implementar sua política econômica.
Eu já previra tudo isso aqui neste blog, no post "Por entre as pernas", que ainda pode ser encontrado nesta mesma página, abaixo. Vejam o que escrevi em 13/12 às 11:02 hs.: "O investidor não quer saber se o governo tem culpa ou não de não ter feito o que era preciso, e sim se esse governo tem força para fazer o que é preciso."
Texto completo no Cidadania.com .

Jornalismo e (falta de) sensibilidade

Vale a pena ler o comentário abaixo, do jornalista Luiz Weis, no blog Verbo Solto:

Uma atrocidade e duas notícias

A banalidade do mal é um problema para a imprensa. Se o homicídio fosse uma raridade, cada caso seria manchete. Em São Paulo, faz pouco, houve um dia sem uma única morte violenta. Foi notícia.

Agora, para virar notícia de chamar a atenção, um crime precisa ser distinto – literalmente. Essa, pelo menos, é a lógica do jornalismo “que vende”.

Por esse critério, violência polícial é notícia velha. Que pode haver de essencialmente novo na história de um adolescente preso por suspeita de roubo e que aparece morto – a choques elétricos?

Nada, deve ter raciocinado quem decidiu reduzir a 11 linhetas, na seção de pirulitos Pelas Cidades, do Estado de hoje, a história de Carlos Rodrigues Júnior, 15 anos, morto pela PM na madrugada de sábado, em Bauru, no interior paulista.

Mas a repetição dos horrores do gênero não embotou a sensibilidade dos editores da Folha, que deram meia página à atrocidade, na abertura da seção Cotidiano, com chamada na primeira página.

É de rasgar o coração, a propósito, a pequena foto que acompanha a reportagem – o retrato de um menino (com 12 anos à época), sorridente, olhos vivos, de bonezinho, camisa branca, gravata borboleta e jaqueta listrada.

Do álbum da vida para a morte sob tortura.

Do Blog Entrelinhas.

Petrobrás censura atriz militante

A atriz Letícia Sabatella disse que tentaram cortar o som do seu microfone quando lia uma carta do bispo dom Luis Cappio, que faz greve de fome contra a transposição do rio São Francisco, em comemoração ao Dia Mundial dos Direitos Humanos em Salvador (BA), no domingo. O evento foi organizado pelo governo da Bahia - que é do PT e apóia a transposição - e patrocinado pela Petrobrás. O ator Marcos Winter, que estava lá, contou que ouviu de um organizador: "Esse ator nunca mais sobe no palco". A Petrobrás e o governo da Bahia negam que houve o problema.

O texto continua no Diário Gauche.

Pacifismo preventivo

Baluyevsky, conforme a Reuters, teria afirmado que "O disparo de um foguete antimíssil da Polônia poderia ser considerado pelo sistema automático da Rússia como o lançamento de um míssil balístico, o que poderia provocar um ataque como resposta".

Esse contra-ataque russo através de mísseis balísticos intercontinentais seria uma resposta automática, é bom frisar.

O próximo passo da diplomacia estadunidense, ao que tudo indica, deve ser solicitar formalmente à Rússia o desligamento de seu sistema de resposta automática a invasões de seu espaço aéreo por mísseis balísticos.
Trecho de La Vieja Bruja, sobre o pacifismo do atual governo dos Estados Unidos. Confira o texto completo.

Senador paraguaio ao embaixador dos EUA: "Melhor que se cale e vá para sua casa"

O senador paraguaio Juan Carlos Galaverna (foto) irritou-se porque o diplomata James Cason censurou o presidente Nicanor Duarte Frutos e outros políticos por críticas aos meios de comunicação locais

"Acredito que é um erro criticar a imprensa, devem é explicar em que vai consistir seu programa, o que vão fazer pelo país", disse Cason na quarta-feira. O embaixador também aconselhou o governo a trabalhar mais em educação.

Galaverna não gostou e disse que é "Melhor que [Casom] se cale e vá para sua casa", porque "se o embaixador quer ser conselheiro presidencial, que vá aconselhar o presidente Bush". Disse ainda o senador que ele aconselhe Bush a controlar os drinques ou erradicar vícios como a droga em sua família, em vez de agredir as nações soberanas.

Segundo o jornal ABC Color, Galaverna teria dito ainda que “Peço que aconselhe também ao Sr. Bush, messias da salvação da humanidade, que deixe de agredir nações soberanas, que deixe de fazer guerras preventivas, que deixe de levar os filhos desta grande nação, os Estados Unidos, a morrer por causas alheias à soberania norte-americana”.

Via Na Periferia do Império.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Brasil é a sexta economia do planeta, diz Banco Mundial

A economia brasileira é a sexta do mundo, de acordo com dados do Banco Mundial, publicados nesta terça-feira. O País está empatado ao lado de Reino Unido, França, Rússia e Itália, com 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Ainda de acordo com o levantamento, os Estados Unidos são a maior economia do planeta, seguidos pela China, Japão, Alemanha e Índia. Depois do Brasil, Reino Unido, França, Rússia e Itália, aparecem ainda Espanha e México.

Estes 12 países, de acordo com o Banco Mundial, são responsáveis por dois terços da riqueza do planeta.

Tô nem aí


Quando publicou a reportagem baseada em um dossiê falso, em 17 de maio de 2006, a revista Veja deu chamada de capa, falando de "suposta conta de Lula no exterior." Diz a Polícia Federal: o dossiê é falso. Daniel Dantas e a fonte da revista Veja, o espião Frank Holder, que trabalhou para a empresa de investigações Kroll, foram indiciados por calúnia. A Kroll processa Holder nos Estados Unidos alegando que, enquanto trabalhava para a empresa, ele fez um "extra" para Dantas.
A acusação de Veja era de que o presidente Lula, os ministros Luiz Gushiken, José Dirceu, Márcio Thomaz Bastos, Antônio Palocci, o senador Romeu Tuma e o então diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, tinham contas no Exterior. Na reportagem, a revista informou que teve três encontros com Frank Holder, depois de ter recebido o dossiê de Dantas em setembro de 2005.
Na ocasião, o próprio repórter Marcio Aith escreveu:
"Por todos os meios legais, VEJA tentou confirmar a veracidade do material. Submetido a uma perícia contratada pela revista, o material apresentou inúmeras inconsistências, mas nenhuma suficientemente forte para eliminar completamente a possibilidade de os papéis conterem dados verídicos."
Ou seja, a revista publicou informação baseada em material confessadamente "inconsistente". Na minha escola de Jornalismo ensinavam que isso seria o suficiente para NÃO publicar, ainda mais quando a acusação era tão grave, envolvendo o presidente da República e alguns de seus mais importantes auxiliares.
Na época, Lula reagiu: "Vamos ser francos agora. Alguns jornalistas há já algum tempo estão merecendo o prêmio Nobel de irresponsabilidade. Eu só posso considerar isso um crime praticado por um jornalista ou por uma revista. Não posso comparar isso a jornalismo. Sinceramente, é de uma leviandade, de uma grosseria. (...) Não posso admitir isso. Não posso. É uma ofensa ao presidente da República, é uma ofensa ao povo brasileiro. Essa prática de jornalismo não leva a lugar nenhum. Acho uma insanidade. A 'Veja' vem assim há algum tempo. Não é de hoje, não, mas acho que ela chegou ao limite da podridão da imprensa. Chegou ao limite. Chegou ao limite. Não sei se o jornalista que escreve uma matéria daquelas tem a dignidade de dizer que é jornalista. Poderia dizer que é bandido, mau caráter, malfeitor, mentiroso. É até constrangedor para um presidente da República saber que tem uma mentira dessa grosseria numa revista que deveria respeitar os seus leitores."

No Vi o Mundo, do Luiz Carlos Azenha.

Bimbalham os sinos


É isto aí, moçada! Também estou nesta: Feliz Natal e Feliz e 2008. Paz e prosperidade para todos.

Plano 3.000 e a luta de classes em Santa Cruz, Bolívia

"O curto trajeto de seis ou sete quilômetros que separa a rica cidade boliviana de Santa Cruz do bairro periférico chamado Plano 3.000 equivale a uma viagem ao longínquo altiplano do país. Na maior parte do Plano 3.000 não há água, luz, ou saneamento básico.

No total, 60% da população vive na pobreza e os outros 40%, na miséria. As ruas asfaltadas são apenas duas, uma delas levando a um amplo mercado a céu aberto onde se vende desde CDs piratas até carne de lhama - exposta por horas num balcão de madeira apesar do calor de 30 graus das terras baixas bolivianas nessa época do ano. "
Trecho de texto do jornal O Estado de São Paulo, que é comentado no Diário da Cratera Urbana, e indicado por La Vieja Bruja. (Entendeu agora por que um dos "W", da WWW, é teia? De preferência de aranha armadeira! :) ) O texto completo, com fotos, deve ser buscado no Diário da Cratera Urbana.

Ombudsman questiona os eufemismos da Folha de SP para tortura e mercenários

"Ao maneirar nos vocábulos, distorcem-se os acontecimentos; a Folha deveria refletir e rejeitar o embrulho elegante de eufemismos O "NEW York Times", um dos melhores jornais do planeta, costuma perpetrar o eufemismo "técnicas severas de interrogatório" ao descrever a tortura de militantes e terroristas islâmicos pela Agência Central de Inteligência.

Nessa classificação se inscrevem as "simulações de afogamento" dos presos, executadas por funcionários da CIA. Não se trata de simulação ou severidade, mas de tortura.

A Folha republica textos do diário nova-iorquino, e as traduções não podem ser infiéis ao original. Deveria refletir, contudo, sobre a reprodução de relatos que adulteram fatos ao não denominá-los pelo nome certo. Pior é incorporar a impropriedade. No sábado retrasado, o jornal assumiu como sua, na primeira página, a formulação "técnicas severas de interrogatório". Associou-se ao desatino alheio.

Assim como ao nomear uma fração das tropas dos EUA que lutam no Iraque como "soldados privados". Em bom e velho português, eles são "mercenários", e não "agentes particulares de segurança", variante que igualmente já saiu.

O jornal sabe disso. Por vezes, alterna as expressões, privilegiando "soldados privados", carimbo mais simpático do que escancarar a condição dos que lutam por dinheiro. Noutras, só se lê o eufemismo.

Ao maneirar nos vocábulos, distorcem-se os acontecimentos. É direito da polícia chamar armas suas de "bombas de efeito moral". Mas a Folha deveria rejeitar o embrulho elegante -há efeitos físicos.

Acumulam-se exemplos. Um deles: insiste-se no termo "parceria" nas referências à negociata entre MSI e Corinthians. Palavras legitimam e deslegitimam. Contam verdades e as traem. Como o antigo compositor cearense dizia, "palavras são navalhas". Também no jornalismo."

Via Na Periferia do Império.

Por que o PT não foi, não é e nunca será social-democrata

A opção idealista, moralista e "naturalista" pela economia de mercado exauriu os remanescentes conteúdos "socialistas" da ideologia social-democrata. Tal como a taxidermia "empalha" animais para representá-los vivos à nossa memória; assim também a ideologia social-democrata representa um socialismo empalhado e nostálgico de um passado que nunca se faz futuro. E paralisa-se num eterno presente de divinização do mercado. Tributário dos próprios temores, se pereniza comovedoramente na ordem que só ousou contestar com frases respeitosas, sem verbo e sem predicado. Os ideais audaciosos estão arquivados na gaveta da resignação.

O neoliberalismo é a maquiagem refeita de uma velha ideologia que já foi tolerante com a democracia consentida pelo capital. A crise estrutural do sistema acentua-lhe a face autoritária e mal disfarça o sentido repúdio que sempre votou à democracia da forma liberal. "Os proprietários do capital rejeitam abertamente um compromisso que implica influência pública sobre o investimento e a distribuição de renda. Pela primeira vez em muitas décadas, a Direita possui um projeto histórico próprio: libertar a acumulação de todas as cadeias impostas pela democracia. Porque a burguesia não conseguiu completar a sua revolução." - finaliza Przeworski.
O trecho acima é o final da terceira parte de um artigo sobre o PT e social-democracia, do Diário Gauche. Texto completo . Aproveite para conferir as outras duas partes.

La Vieja VIP, Entidades Patronais Classistas...

Pois é. Embora A CUT represente centenas de sindicatos e de trabalhadores e o MST represente milhares de sem terra, e ambos também comemorem suas datas de fundação e tenham tanta liderança e prestígio perante os trabalhadores e a sociedade gaúcha quanto tem a Federasul perante o meio empresarial e essa mesma sociedade gaúcha, jamais eles serão homenageados com um almoço na sede da RBS, e isso por uma razão muito simples.

Uma das principais tarefas da mídia no modo de produção capitalista é o escamoteamento da luta de classes, ou bem pela invisibilidade, ou bem pela criminalização de reivindicações e de movimentos sociais marginalizados.

A estratégia da invisibilidade é utilizada quando, por exemplo, ou bem simplesmente não se discute determinada questão, como no caso dos problemas da concentração fundiária e da exploração da mão-de-obra na metade sul do estado, ou bem dela se trata de modo falaciosamente caricatural, como no recente caso da 12ª Marcha do Sem, realizada há pouco em Porto Alegre e tratada pela Zero Hora como um mero "problema de trânsito". Assim, através de tal estratégia, tanto se esvazia o debate público em torno das demandas de tais movimentos sociais quanto se escamoteia o conflito de classes e de interesses por trás de tais legítimas e justas reivindicações.
Trecho de La Vieja Bruja, onde ela comenta recente homenagem feita pelo Grupo RBS à Federasul, entre outras coisas.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O leite era mesmo leite. Quem paga o prejuízo?

Lembra do leite longa-vida com soda cáustica? Pois bem: o laudo do Instituto Nacional de Criminalística mostra que o leite não tinha soda cáustica. Lembra do leite longa-vida com água oxigenada? Pois bem: o laudo do Instituto Nacional de Criminalística mostra que o leite não tinha água oxigenada. A notícia foi publicada pela imprensa com muita, muita discrição. E muita gente nem percebeu.

O leite não era dos melhores, claro. Quem quer leite bom de verdade compra leite fresco. Talvez possa usar leite em pó de boa marca, dissolvido em água devidamente tratada e filtrada. Leite que vive fora da geladeira sempre tem conservantes. Mas não era nada que fizesse mal à saúde.

Mas, se o leite longa-vida era exatamente o que prometia, ser um leite longa-vida, qual o motivo do escândalo? Talvez a explicação esteja numa curiosa coincidência de datas. Uma das empresas mais atingidas pelo escândalo foi a Parmalat, hoje pertencente a um fundo de investimentos, o LAEP. E o noticiário explodiu bem quando a LAEP preparava a oferta pública de ações (IPO) da Parmalat, na Bolsa de Valores de São Paulo. O pessoal da empresa estava em road-show no exterior, preparando o lançamento, e teve de voltar rapidamente ao Brasil, para enfrentar o terremoto.

Vale matéria, caros colegas. Este colunista aprendeu desde cedo a desconfiar de coincidências. E ainda se lembra com clareza da época em que a água Lindóia foi massacrada pela imprensa, por conter uma bactéria nociva. Depois que uma empresa concorrente lançou sua água em copos descartáveis, a bactéria nociva desapareceu da imprensa. Teria sido coincidência, também?


Texto da coluna do Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa.

A hipocrisia sobre direitos humanos na cúpula União Européia-África

O maior ausente da recentemente encerrada reunião de Cúpula União Européia-África foi o primeiro-ministro britânico Gordon Brown. O motivo alegado para o boicote à reunião foi a presença do presidente Robert Mugabe do Zimbabwe, uma ex-colônia britânica. Acusado de ditador, Mugabe despertou a ira do governo britânico ao expropriar as terras de milhares de fazendeiros brancos, a maioria de origem britânica.

Contudo enquanto Gordon "defensor dos direitos humanos" Brown preparava seu boicote à reunião de cúpula, ele se reunia com um "grande democrata", rei Abdallah, da Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo e compradores de armas no mundo, líder de um país que a Anistia Internacional diz ser palco de violações diárias dos mais fundamentais direitos humanos.

No entanto devemos ser justos com o primeiro-ministro britânico. A hipocrisia não é uma "virtude" somente de Sir Brown. Como afirmou Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo em Portugal, Mugabe era apenas a árvore que escondia a floresta de ditadores presentes à cúpula, dos quais os zelosos defensores dos direitos humanos fizeram questão de ignorar, pois o que estava em jogo naquela reunião era a nova partilha dos recursos e das matérias primas africanas. Leia abaixo um trecho do artigo "Cimeira Europa-África: Mugabe não pode ser a árvore que esconde a floresta"

"Pois a presença de senhores como Omar Bongo do Gabão, há um mais de um quarto de século no poder; Blaise Compaoré do Burkina Fasso, fomentador e financiador das maiores atrocidades cometidas em África desde o genocídio do Ruanda, nomeadamente, na Serra Leoa, na Libéria e no Costa de Marfim; o ditador líbio, Khadafi, no poder desde 1969 e outrora inimigo número um do Ocidente; o sanguinário predador das liberdades, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, no poder desde 1979 na Guiné-Equatorial; Omar El Bachir do Sudão, há décadas no poder e patrocinador do actual genocídio do Darfur; José Eduardo dos Santos que transformou as receitas das matérias-primas angolanas em bens e riqueza pessoal e familiar, no poder desde 1979 em Angola; Hosni Mubarak, o déspota egípcio desde 1981 no poder no Cairo e que se prepara para fazer do Egipto uma aristocracia, lançando para a sua sucessão o filho Gamal etc, etc, não incomoda os mais virulentos críticos da presença do Mugabe em Lisboa. Não será caso para se perguntar, qual afinal é o critério empregue pelos tais defensores da democracia, da liberdade, dos direitos humanos e do progresso económico em África quando, pelos vistos, dormem descansados com a presença dos piores ditadores africanos em Lisboa?

Esta duplicidade de critérios revela o mais ignóbil da agenda da União Europeia: o seu único interesse, não são, de modo algum, os direitos humanos nem a democracia, mas sim os interesses económicos."


Via Na Periferia do Império.

As compras de Natal dos ricos e dos nem tanto assim

MARINHO, NO BLUE BUS:

Duas semanas atrás comentei aqui os resultados de uma investigaçao realizada pela TNS InterScience para saber como as madames paulistanas fariam suas compras de Natal - leia aqui. Agora o mesmo instituto divulgou a 2a etapa do estudo, feito desta vez com homens e mulheres das classes C e D, também em Sao Paulo. As diferenças entre as realidades desses 2 grupos, expostas pelas pesquisas, sao um ótimo retrato das distorçoes que persistem no Brasil de hoje. Para começo de conversa, enquanto a renda média familiar das mulheres ricas de SP está na faixa dos R$ 30 mil mensais, o pessoal da classe média baixa precisa se virar com algo em torno de R$ 2 mil por mês. Por isso, a verba média para presentes nas classes C e D nesse fim de ano será de R$ 218, destinados principalmente a compra de roupas, brinquedos e sapatos. Vale lembrar que a elite paulistana gastará na mesma data R$ 8 mil - 36 vezes mais. O valor médio de cada presente este ano será de R$ 450 no topo da pirâmide e de apenas R$ 44 na parte de baixo dela.

As compras das senhoras endinheiradas serao feitas quase que exclusivamente nos shoppings da cidade. Já as dos paulistanos remediados vao se dividir entre as lojas de bairro (31%), a Rua 25 de Março - regiao do comércio popular da cidade (29%), e os shoppings (29%). Os magazines, como C&A, Marisa e Renner (18%) e os camelôs (5%) também receberao visitas desses consumidores. Outro dado característico dos distintos comportamentos desses segmentos diz respeito ao meio de pagamento - 64% das compras das paulistanas ricas serao pagas com cartao de crédito parcelado, ao mesmo tempo em que 73% das aquisiçoes das classes C e D serao quitadas em dinheiro. A pesquisa mostra ainda que o 13o salário será usado por 2/3 dos entrevistados das classes C e D para pagar os presentes de Natal, enquanto 1/3 pretendem também pagar dívidas, 12% planejam economizar e 12% gastar com viagens e as festas de fim de ano.

A parte mais triste dos dados revelados pela TNS InterScience é aquela em que a melhoria de vida em 2008 aparece como um objetivo inalcançável para boa parte dos brasileiros de menor poder aquisitivo. A maioria deles almeja mudar de emprego e ganhar mais, porém para muitos isso nao passa de sonho distante, assim como ter um carro, mudar para uma casa melhor e investir na educaçao dos filhos. Outro sonho recorrente nessa faixa de renda é ganhar na Mega Sena - talvez a única maneira de conseguir realmente subir na vida, na visao das classes médias baixas do nosso país.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Crescem os negócios de permuta

"A troca de produtos, anterior à existência da moeda nas sociedades primitivas, virou algo mais do que moderno nos dias de hoje. O antigo escambo foi rebatizado e ganhou o nome de permuta. Com o objetivo de reduzir gastos e de liberar receita para custear despesas fixas, empresários contemporâneos se associam a clubes de permuta e fazem negócios sem desembolsar nenhum tostão."
Leia no Jornal do Brasil.

TV Globo terá que indenizar desembargador

A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça determinou que a TV Globo pague indenização de R$ 250 mil por danos morais ao desembargador Manoel Ornellas de Almeida, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Ele se sentiu ofendido em reportagem na qual outro desembargador acusava colegas, entre eles Ornellas, de vender sentenças judiciais.

Os ministros do STJ negaram recurso do desembargador no qual ele pedia reparação no valor de R$ 1,62 milhão. Em seguida, acolheram recurso da Globo para reduzir de R$ 500 mil para R$ 250 mil o valor da indenização.

O julgamento aconteceria em março passado, mas como não houve quorum, ele foi remarcado para terça-feira (04/12). O ministro Hélio Quaglia Barbosa, relator do caso, reduziu a indenização por considerar que o valor de R$ 250 mil é o suficiente para reparar os danos morais sofridos pelo desembargador.

No processo consta que a entrevista com o juiz Leopoldino Marques do Amaral foi ao ar pelo Jornal Nacional, da TV Globo, em setembro de 1999. Nela o juiz denuncia vários colegas.

A emissora afirma que levou ao ar a entrevista porque Amaral foi assassinado quatro dias depois de o juiz receber a equipe da TV Globo.

As informações são do site Consultor Jurídico.



Notícia do Comunique-se. Não sei o que é pior, se a atuação do judiciário, conforme a notícia acima, ou ter que defender a TV Globo.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O triunfo dos sinhozinhos

Mais do blog do Nassif (Nota do Editor: o título é meu. Na foto, sinhôzinho Arthur Virgílio - ou FHC, no fundo é a mesma coisa.

Em "O Globo" de hoje

"Virgílio admitiu também que o apoio do ex-presidente Fernando Henrique foi fundamental para que enfrentasse a pressão. A última conversa entre o líder e Serra, no fim da tarde de quarta-feira, foi bastante tensa. Virgílio avisou ao governador que não mudaria de posição.

— Isso é uma loucura! — reagiu Serra.

— Então eu sou louco — retrucou ele.

Serra argumentou que o PSDB não poderia ficar a reboque do DEM, que fechara questão contra a CPMF.

— Nossos verdadeiros concorrentes são os petistas — rebateu Virgílio.

No que depender do líder, as diferenças não deixarão seqüelas.

— Serra é o quadro mais preparado para exercer a Presidência, mas para ser presidente terá de ser tolerante, saber ouvir seus companheiros."

Ou seja, ser tolerante é deixar os companheiros botarem fogo no país.

***

Ao contrário de outros ex-presidentes, como Itamar Franco, José Sarney e Fernando Collor, FHC é um ex dotado de nenhuma grandeza, de nenhuma responsabilidade cívica.

Serra e Aécio estão aguardando para se posicionar mais perto das eleições. Correm o risco de herdar um partido exangüe. Se a CPMF não for restaurada, cada problema do governo Lula, cada investimento que deixar de ser feito, cada piora nas áreas sociais terá responsáveis diretos: o PSDB, seus senadores e FHC.

Havia receio de que a aprovação da CPMF pavimentasse o sucesso do governo Lula. Agora, qualquer fracasso terá um responsável direto: a oposição.

"A oposição sou eu"

NASSIF:

Na entrevista que me concedeu para o livro “Os Cabeças de Planilha”, Fernando Henrique Cardoso se dizia muito consciente da importância de um acordo nacional. Mas reclamava que Lula nunca o procurava. Se o convidasse ele se sentaria à mesa e acertariam o acordo.

Por trás das declarações, estava claro que não existiria acordo, para ele, que não passasse pelo reconhecimento de seu papel de líder inconteste da oposição.

Hoje, nos jornais, é claro o jogo. Matéria da “Folha” com Arthur Virgílio em que ele admite que todos seus passos foram dados consultando Fernando Henrique.

No “Estadão”, em matéria de Carlos Marchi, FHC se apresentando como líder da oposição.

O veterano e competente Marchi inicia a matéria assim: “Em vez de se vangloriar da derrota que ajudou a impor ao governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acenou ontem com a bandeira da paz: em nota distribuída durante o dia, afirmou que “é o momento de governo e oposição, pensando no Brasil, deixarem de lado as picuinhas e se concentrarem na análise e deliberação do que é necessário fazer”.

Fala sério! Olha a continuação da matéria:

PARA VER A CONTINUAÇÃO, CLIQUE NO TÍTULO DESTA POSTAGEM.

E quem afinal está certo na Guerra Civil Espanhola?

Boa a discussão aí abaixo esta a respeito da Guerra Civil Espanhola. E como é polarizado este tempo em que vivemos: dê um assunto e, rapidamente, dois bandos se formam sem vontade de ceder um palmo de terreno ao adversário. Não faz muito tempo, dizia-se que esquerda e direita eram conceitos ultrapassados. Aí, de repente, duas visões absolutamente distintas da história recente e da ética que deve nos conduzir em sociedade estão sob a mesa.

E qual será a correta?

No caso espanhol, há um livro precioso do ensaísta Juan Eslava Galán. Chama-se Una historia de la guerra civil que no va a gustar a nadie; Isto mesmo: Uma história da guerra civil da qual ninguém gostará. A sua versão, fascinante, é uma na qual só há vilões e incompetentes.

Espanha, 1931. Um país agrário quase falido, pobre, com alto índice de analfabetismo, 24 milhões de habitantes. Crise. O Partido Republicano vence as eleições municipais em todas as grandes capitais. Temendo um golpe, o rei Alfonso 13 parte para o exílio. No vácuo do poder, os vencedores das eleições vão às ruas e nasce a Segunda República. Tinham um projeto de modernização: reforma agrária em primeiro lugar. A terra era má gerida, fazendas falidas existiam às pencas. Daí, a reforma do exército, incompetente e corrupto, com mais caciques do que índios, que havia sofrido derrotas no Marrocos. Na seqüência, a reforma da Igreja, que tinha o monopólio da educação e das cerimônias civis e sempre arranjava um jeito de se meter mais nas coisas do Estado. Por fim, descentralização e autonomia para Catalunha, País Basco, Valência, Galícia, verdadeiros países dentro do país, com língua e cultura próprias, que há muito cobravam alguma liberdade.


Outro texto interessante do Weblog do Pedro Dória.

O problema de Veja

A troca de mensagens pública entre o repórter Jon Lee Anderson e o editor de Internacional de Veja, Diogo Schelp é um bocado importante – e não pelo que ela diz a respeito de Schelp; pelo que diz sobre Veja.

A argumentação de Schelp em sua defesa é ruim. Fonte não deve qualquer sigilo a repórter – a nossa é uma profissão que deve operar às claras. O sistema de filtro de mensagens da Abril é de fato muito rigoroso e dá problema com mensagens perdidas a toda hora. Mas este é um problema que a Abril deve resolver com sua equipe técnica. Numa empresa jornalística, é um problema sério. Usar o anti-spam como desculpa para não ter contatado uma fonte é piada.

Por fim, ele reconheceu publicamente que Veja tem uma lista negra: quem cai lá não sai na revista. Não é o único órgão de comunicação grande que tem uma lista dessas, mas há um motivo pelo qual ninguém assume sua existência. É que não pode ter. Noticia-se, sempre, o que é notícia; e procura-se, sempre, quem melhor pode informar a respeito de um assunto. Quando uma publicação reconhece que tem uma lista negra, está dizendo que não tem pudores de usar sua influência para fazer com que alguém suma do mapa da relevância, independentemente de ser notícia ou não. (Não que, neste caso específico, Anderson vá sentir falta.)

Mas não era Schelp que deveria responder pela crítica e é injusto que a revista o tenha exposto desta forma. Nenhum jovem jornalista deveria ser obrigado a debater com um repórter de primeira linha do jornalismo mundial. É um debate perdido de início e, portanto, uma exposição cruel.

A reportagem sobre Che não saiu como saiu porque esta é a qualidade de trabalho que Schelp pode apresentar. Quem o conhece diz que é bom repórter, que jamais tem preguiça de apurar. A reportagem saiu assim porque assim é a linha editorial de Veja: a tese já está definida antes que qualquer repórter se lance à apuração. As fontes consultadas são aquelas que confirmarão a tese. Se alguém disser o contrário, que seja ignorado. Não é a curiosidade, a tentativa de compreender o mundo, que move a pauta de Veja. O que lhe move é a vontade de dizer o que seus leitores devem pensar.


O texto, bem interessante, continua no Weblog do Pedro Dória.

América Latina: Evo Morales no fio da navalha

América Latina: Evo Morales no fio da navalha

Franz Chávez

La paz , 07/12/2007 (IPS) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, pretende convocar um referendo sobre a continuidade de seu governo, iniciado há 22 meses, e desafia os nove prefeitos (governadores de departamentos), cinco deles tenazes opositores, a fazerem o mesmo.



O anúncio de Morales, que interrompeu noticiários e transmissões de futebol na quarta-feira à noite, sacudiu o tabuleiro político boliviano. Nesse momento, três prefeitos se preparavam para regressar de Washington, após acusarem o presidente na Organização dos Estados Americanos por promover uma nova constituição apenas com apoio oficialista, bem como pela morte de três pessoas em choques entre manifestantes e policiais em Sucre, sede da Assembléia Constituinte, no dia 24 de novembro.



O silêncio, seguido de surpresa e incredulidade, dominaram a oposição após o anúncio do mandatário, enquanto se agravava uma greve de fome em Santa Cruz de la Sierra, com cerca de 150 pessoas jejuando, e nas de Trinidade e Tarija. Nessas cidades se concentram os grupos contrários à corrente indigenista encabeçada pelo presidente, a qual promove a recuperação dos recursos naturais, como o petróleo e o abundante gás natural. O mecanismo proposto por Morales “é uma forma democrática e pacífica de resolver um conflito”, disse o analista Carlos Cordero ao avaliar o difícil momento pelo qual passa o governo, surgido do movimento de plantadores de coca e apoiado por setores camponeses e classes médias urbanas.



Com a recusa de cinco prefeitos em dialogar e a pressão para obrigar Morales a deixar em suspenso a constituição aprovada – com os opositores membros da Assembléia Constituinte ausentes – no dia 24 de novembro, o presidente se antecipou à estratégia de descrédito e desgaste de sua popularidade por parte de seus adversários. O texto definitivo, “em detalhe”, deve ser examinado por essa assembléia antes do próximo dia 14, data-limite fixada pelo Congresso. Mas, os incidentes em Sucre obrigam a buscar uma nova sede para as deliberações, que poderia ser uma localidade do Chapare, onde o governo conta com amplo apoio, no departamento de Cochabamba.



Enquanto se teme um choque de conseqüências imprevisíveis em Santa Cruz de la Sierra entre grupos conservadores e setores sindicais e populares que apóiam Morales, o presidente aposta em ganhar a opinião de uma maioria da população sem militância partidária que, até agora, observa os acontecimentos com cautela. O governo, que tem o apoio internacional dos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, propõe uma revolução democrática e cultural. O objetivo de sua reforma constitucional é recuperar para os povos indígenas direitos e terras, preservar para o Estado boliviano riquezas naturais do país e garantir a participação popular nas decisões governamentais.

O texto IPS Brasil, e continua . Mas foi visto na Periferia do Império.