Por Enrique Ubieta Gómes *
O principal obstáculo do imperialismo para derrotar a Revolução Cubana não é militar nem econômico, mas sim moral. De alguma forma “inexplicável”, Cuba conserva o prestígio internacional e o consenso interno, apesar do desgaste de meio século sob os efeitos de um implacável bloqueio e de uma contínua campanha midiática, apesar da derrubada – há 20 anos – e do descrédito de um “campo socialista” do qual hoje se enumeram as manchas e se ignora a luz.
Os ideólogos da direita sabem que esse prestígio moral invalidaria qualquer vitória militar ou econômica sobre a ilha. Em política, a única vitória possível é cultural. O restante pode ser chamado de ocupação, asfixia, imposição; todas variações que postergam a vitória do suposto derrotado. Por isso, eles se lançaram de corpo e alma em uma guerra cultural que envolve tudo. Uma guerra que não busca nem pede verdades ou princípios: uma guerra para reverter convicções e sentimentos, que se apoia na força dos meios de comunicação. Ou por acaso a demonização da cultura árabe – povo que vive sobre grandes reservas de petróleo – não antecede e acompanha a guerra de extermínio que sofrem seus estados “desobedientes”? Lançar-se de corpo e alma significa que esses ideólogos devem repetir sem ruborizar e sem piscar, que Che Guevara, o guerrilheiro heróico, foi um assassino: que Batista, o assassino, foi na realidade um bom governante; que Cuba, a nação que mais vidas salvou no mundo – incluindo a de seus inimigos -, desfruta da morte.
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