Segundo notícias recentes, porta-vozes do sistema financeiro internacional estão alertando seus acionistas de que o mercado de ações brasileiro estaria formando uma bolha, a economia do Brasil estaria aquecida e o real supervalorizado. Em outras palavras, parece estar findando a lua de mel entre o sistema financeiro internacional e a política de crescimento do governo brasileiro, embora tal sistema tenha sido um dos que mais lucraram nos últimos anos.
O desconfiômetro deve nos conduzir a uma análise mais cuidadosa do assunto, de modo a descobrir se há razões reais para o alerta, ou se se trata de jogada política, tendo em vista possíveis mudanças na política monetária brasileira. O Banco Central se apressou a tranqüilizar o sistema financeiro internacional, afirmando que o Brasil pode adotar medidas que impeçam um crescimento superior a 2% ao ano, desde que retire os incentivos fiscais e aumente a taxa Selic, a taxa básica de juros.
Ou seja, o Banco Central, numa penada, mudou toda a perspectiva de crescimento do país. Por um lado, avisou ao governo que a política monetária deve manter tranqüilos os acionistas dos bancos internacionais. Por outro, informou aos empresários que não devem investir na ampliação de sua capacidade produtiva. Primeiro, porque isso pode causar fricções com o sistema financeiro internacional. E depois porque vale mais a pena aplicar no jogo de ações da bolsa de valores, que lhe garante um rentismo certo.
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